terça-feira, 3 de julho de 2012

Alguém nos anda a enganar


A falência do Lehman Brothers, ocorrida em Setembro de 2008,  deu origem a uma grave crise financeira nos EUA, que contagiou o sistema financeiro mundial e veio a permitir a detecção de uma generalizada situação de incontrolada ganância, desmedida ambição e fraudulenta actividade bancária  em diversos países.  Muitos bancos deixaram de ser os locais onde as pessoas depositavam o seu dinheiro, para se tornarem centros de criminosa especulação. Em Portugal, a face mais visível dessa realidade foram os escândalos do BPN e do BPP, casos ainda por esclarecer e responsabilizar convenientemente. Como é triste e lamentável esta impunidade que nos envergonha!
Neste quadro de fragilidades, em Julho de 2011 as nossas autoridades financeiras e a banca portuguesa “respiraram de alívio” com a divulgação dos resultados positivos dos chamados testes de stress realizados no quadro do BCE. O Banco de Portugal, que foi a entidade responsável pela condução desses testes, anunciou então que o BCP, o BPI, a CGD e o Espírito Santo Financial Group, a holding que detém o BES, tiveram nota positiva nesses testes de resistência.
Passou menos de um ano e, agora, vem o ministro das Finanças anunciar que o Estado vai injectar mais de 6 mil milhões na banca: BCP e BPI com 4,5 mil milhões de euros e a CGD com 1,65 mil milhões, o que coloca os três maiores bancos portugueses “entre os mais bem capitalizados da Europa”. O BES parece ir ficar fora desta via de capitalização, pois realizou recentemente um aumento de capital de 1.010 milhões de euros, evitando assim o recurso ao apoio estatal. O assunto é controverso e complexo. Porém, se os testes de stress foram positivos em Julho de 2011, como surgiu esta necessidade de capitalização da banca em Julho de 2012? A quem aproveita tudo isto? É evidente que alguém nos anda a enganar. Ou não?

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