Há uma onda de nacionalismo que está a atravessar a Europa que tem raízes históricas, mas que também é uma consequência da fraqueza da União Europeia e da profunda crise institucional e financeira em que está mergulhada. O projecto de solidariedade europeu está em risco e volta a falar-se numa Europa a duas velocidades, na saída voluntária de alguns dos seus Estados-membros, na sua total fragmentação ou até no fim do próprio ideal europeu e do sonho de Jean Monnet, Robert Schuman e Konrad Adenauer. Depois de meio século em que a ideia federalista se aprofundou à custa das soberanias nacionais, os interesses e as opiniões públicas nacionais estão a reagir contra os projectos hegemónicos que, até há bem pouco tempo, eram corporizados pelo eixo franco-alemão e, em particular, pela chanceler Merkel.
O nacionalismo é uma ideologia que defende os interesses da nação antes de quaisquer outros, sobretudo a defesa do seu território, da sua identidade e da sua população – unida por tradições, língua, cultura, religião ou interesses comuns – e constituindo uma individualidade territorial e política com direito de se auto-determinar.
A Europa sempre foi uma Europa de Nações, com afinidades e rivalidades, que tantas vezes se guerrearam, se uniram em espaços imperiais ou se sujeitaram a tutelas supra-nacionais. Nas actuais condições, a onda de nacionalismo europeu está a renascer em Espanha, França, Bélgica, Itália e Reino Unido, entre outros países. O acordo assinado entre o primeiro-ministro britânico David Cameron, e o ministro britânico para a Escócia, Alex Salmond, para a realização de um referendo em 2014 com uma só pergunta – Independência? Sim ou Não – vai permitir que os 5 milhões de escoceses decidam se querem ou não desligar-se do Reino Unido, ao qual estão ligados há três séculos. Foi um dia histórico para os escoceses, como salientou o jornal The Scotsman de Edimburgh.
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