O navio-escola argentino Libertad fazia a sua habitual viagem de instrução anual, tendo a bordo mais de trezentos tripulantes e alunos, incluindo cadetes de outros países sul-americanos. O navio tinha largado de Buenos Aires no dia 2 de Junho e, no dia 2 de Outubro, encontrava-se no porto de Tema, nas proximidades de Accra, a capital do Ghana. Foi aí que o navio foi surpreendido por uma ordem judicial emitida pelo Supremo Tribunal do Ghana que o impedia de sair do porto, dando provimento a uma queixa apresentada por um grupo de investidores das Ilhas Cayman, agrupados no Fundo NML, que é controlado pelo especulador internacional Paul Singer e que reclama o pagamento pela República Argentina de cerca de 370 milhões de dolares. Era o arresto ou uma quase penhora de um navio da Marinha de Guerra Argentina! O Fundo NML tem procurado apropriar-se judicialmente de bens argentinos no estrangeiro (aviões, agências bancárias e até o património da família Kirchner), no sentido de ser ressarcido do dinheiro que emprestou à República Argentina e, agora, escolheu o Libertad como alvo. Porém, o Fundo NML não aceitou participar no sindicato que em 2005 e 2010 possibilitou a reestruturação da dívida externa argentina, que permitiu superar a situação de bancarrota declarada em 2001, tendo por isso ficado fora do plano de pagamentos argentino. É, portanto, um caso de vingança a demonstrar a força dos especuladores internacionais!
Para a Argentina está-se perante uma grosseira violação da Convenção de Viena, uma vez que os navios militares estão protegidos por imunidade diplomática, pelo que está ser pedido o apoio dos países amigos. O facto é que desde então, a imprensa argentina tem acompanhado o caso com muita emoção, interrogando-se sobre as condições em que o Libertad foi apanhado nesta delicada questão judicial. O navio está atracado em Tema há duas semanas e o Chefe da Marinha Argentina já se demitiu. Entretanto há quem lamente a política da Presidente Cristina Kirchner que reivindica as Malvinas e que nacionalizou a espanhola Repsol, o que representa o isolamento argentino em relação ao apoio que poderiam receber do Reino Unido e da Espanha.
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