Diversos jornais europeus destacaram hoje as estatisticas relativas ao risco de pobreza ou de exclusão social na União Europeia (EU27) que ontem foram divulgadas pelo Eurostat e que revelam que, em 2011, havia 119,6 milhões de pessoas em risco de pobreza, isto é, cerca de 24,2% da população, onde se incluiam 16 milhões de alemães, 14 milhões de britânicos, 12 milhões de espanhóis e 2,6 milhões de portugueses.
Estes números reflectem um agravamento da situação social europeia devido à crise, pois a taxa de pobreza em 2010 era de 23,4%, o que significa que houve um aumento de “novos pobres” da ordem dos 5 milhões de pessoas. Segundo o documento divulgado pelo Eurostat, o valor mais elevado da taxa de pobreza registou-se na Bulgária (49,5%), Roménia e Letónia (ambos 40%), Lituânia (33%), Grécia e Hungria (ambos 31%), enquanto os mais baixos se verificaram na República Checa (15%), Holanda e Suécia (ambos 16%), Luxemburgo e Áustria (ambos 17%). Portugal registou uma taxa de 24,4%, em linha com a média europeia de 24,2%. Porém, sendo a pobreza um conceito complexo e multidimensional, existem diversos critérios para o definir, embora seja geralmente medida apenas pela sua componente monetária. Ora é esse o conceito utilizado pelo Eurostat mas que é muito limitado, ao considerar que o limiar da pobreza em cada país se situa 60% abaixo da média do rendimento disponível das famílias. Assim, os riscos de pobreza existentes entre os diversos países europeus só com muito boa vontade podem ser comparados. No entanto, é evidente que a pobreza em Portugal é hoje mais extensa, mais intensa e mais crónica do que antes, que a desigualdade e o fosso de rendimento entre ricos e pobres está a aumentar e que há crescentes tensões a ameaçar a coesão social. Nesse sentido, os indicadores do Eurostat mostram muito pouco da nossa realidade.
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