Nos tempos que correm é cada vez menor a confiança dos cidadãos na generalidade dos políticos europeus e é, também, cada vez mais evidente a falta de líderes que inspirem e mobilizem as populações. Os líderes europeus são reféns dos seus eleitorados e dos seus interesses e, muitos deles, não passam de funcionários impreparados mas bem pagos, rendidos aos seus nacionalismos e sem uma visão estratégica que assegure a esperança, o emprego, a prosperidade e a paz para essa complexa comunidade de nações que é a União Europeia.
Por vezes há algumas excepções e, nos últimos dias, destacou-se Jean-Claude Juncker, que é desde 1995 o Primeiro-ministro do Luxemburgo e que, durante oito anos, foi o Presidente do Eurogrupo. É seguramente um dos mais experientes políticos europeus. E o que disse ele? Numa entrevista ao semanário alemão Der Spiegel disse que os velhos demónios que no passado levaram países europeus a entrar em guerra “não desapareceram” e que “estão apenas adormecidos, como as guerras na Bósnia e no Kosovo mostraram”, confessando que o assusta ver as semelhanças entre as circunstâncias da Europa de há 100 anos e o contexto actual europeu. Dias depois, comentando as políticas de austeridade, a recessão e os seus efeitos sociais e económicos devastadores, sublinhou a necessidade de um maior equilíbrio entre austeridade e crescimento, dizendo acreditar que há um risco de “revolta social” na Europa. São palavras muito sensatas, num tempo de emergência social na Europa, onde mais de 26 milhões de pessoas estão desempregadas e outros 120 milhões vivem em situação de precariedade. As palavras de Jean-Claude Juncker merecem reflexão, até porque já há quem veja no horizonte alguns sinais de uma “primavera europeia”.
Sem comentários:
Enviar um comentário