O diário galego La Voz de Galicia que se publica na Corunha, anunciou hoje em primeira página a notícia que “Galiza põe à venda as suas aldeias abandonadas” e acrescenta que, segundo o censo de 2011, existem na Comunidade Autónoma da Galiza um total de 1.408 núcleos populacionais abandonados, que vão desde as pequenas aldeias com igreja e escola, até aos mosteiros isolados e aos pequenos núcleos com casas destruídas e abandonadas. Esta realidade reflecte o histórico problema da emigração galega, mas também é um sinal da crise contemporânea, da desertificação rural, do envelhecimento da população, do isolamento e da ausência de actividade económica. Nesta altura haverá três dezenas de núcleos populacionais que esperam por comprador, havendo ingleses, noruegueses, árabes e americanos que têm mostrado interesse em fixar-se na Galiza.
Esta notícia recorda-nos Rosalia de Castro, a poetisa galega da segunda metade do século XIX que na sua poesia denunciou a pobreza que obrigava os galegos a emigrar, sobretudo para a América de língua castelhana e, em especial, o seu famoso “Cantar da Emigração”, o poema que Adriano Correia de Oliveira cantou.
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão.
Galiza, ficas sem homens
que possam cortar teu pão
e todos, todos se vão.
Galiza, ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Os versos de Rosalia de Castro e a notícia de La Voz de Galicia, têm cerca de 150 anos de intervalo e são uma consequência do fenómeno da emigração. Em Portugal, que tantas afinidades culturais e naturais tem com a Galiza, também temos os mesmos problemas da emigração e das aldeias abandonadas. São tempos difíceis de um mundo em mudança.
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