No passado mês de Junho o Chipre pediu ajuda à União Europeia, depois de terem sido detectados graves problemas nos dois principais bancos cipriotas que foram afectados e contagiados pela crise grega. Depois de muitos meses de negociações, foi decidido conceder uma ajuda ao Chipre que, a partir de agora, passa a ser o quinto país da Zona Euro a beneficiar de um programa de ajuda internacional.
Inicialmente, o Chipre pedira um resgate de 17 mil milhões de euros, que é um montante equivalente ao seu PIB, mas nem o FMI nem o BCE concordaram com esse valor, alegadamente porque isso significaria um brutal aumento da dívida cipriota. A solução encontrada inclui duríssimas exigências que não têm precedentes. A troika avança apenas com 10 mil milhões de euros para “aliviar a carga dos contribuintes europeus”, sendo recolhidos 5,8 mil milhões de euros através de um singular imposto: os depósitos bancários com mais de 100.000 euros irão pagar um imposto extraordinário de 9.9 % e os depósitos abaixo deste valor pagarão 6,7 %.
Acontece que cerca de 30% dos depósitos bancários pertencem a cidadãos russos e resultam de lavagem de dinheiro. Esta medida irá custar aos russos quase 2 mil milhões de euros e a sua confiança na banca cipriota vai vacilar, o que vai afectar a economia e aprofundar a crise no país.
Os cipriotas são assim os primeiros cidadãos europeus a quem é retirada uma parte das suas poupanças, que não será devolvida. É um imposto que incide sobre um milhão de cipriotas e é um verdadeiro assalto às suas poupanças. Os jornais espanhóis destacaram esta notícia e o La Vanguardia chama-lhe um confisco, mas os jornais portugueses ignoraram-na.
Os especuladores financeiros continuam a beneficiar da cumplicidade e da fraqueza dos dirigentes europeus que tudo fazem para destruir a ideia de uma Europa solidária, próspera e pacífica.
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