The Economist dedica uma
boa parte da sua última edição à guerra civil na Síria, com vários artigos que classificam
a intervenção ocidental como
“uma enorme derrota política”, apresentando na capa uma sugestiva ilustração:
um velho leão desdentado que não pode morder porque não tem a sua dentatura
colocada. A influência ocidental no mundo entrou em declínio e, hoje, “outro
valor mais alto se alevanta”, como
diria Camões. Primeiro foi David Cameron que foi humilhado pelo seu Parlamento,
depois foi François Hollande que se esforçou por estar na primeira fila mas que
se viu hostilizado pelos franceses e, finalmente, foi Barack Obama que nunca
chegou a ter o apoio inequívoco do Congresso. As opiniões públicas ocidentais não
querem guerras de fundamentação duvidosa e uma acção militar é sempre demasiado
impopular.
A guerra na Síria foi inicialmente conduzida por moderados, mas foi
infiltrada por grupos extremistas sunitas, por jihadistas estrangeiros e pela
Al Qaeda. O mal-estar e a rivalidade entre esses grupos é insanável. Combatem
entre si e, há dias, confrontaram-se na cidade de Azaz que era
controlada pelos rebeldes do Exército Livre da Síria e que agora está nas mãos
de um grupo pró-Al Qaeda. Tem sido esta gente que o Ocidente tem ajudado com
armas e dinheiro. Entretanto, o relatório feito por inspectores da ONU divulgado
esta semana confirmou o uso de armas químicas na Síria, mas não atribuiu culpa
a nenhum dos dois lados, enquanto o presidente russo afirmou que há razões para
acreditar que o uso dessas armas foi uma astuta e engenhosa provocação. Ali ao
lado, Israel deseja a saída de Bashar El Assad mas ao mesmo tempo teme estar a
promover grupos radicais islâmicos, alguns dos quais próximos da Al Qaeda. Perante
a fraqueza do ocidente e a sua obcessão pelo derrube de Bashar El Assad, foi a
Rússia de Vladimir Putin que reassumiu um papel importante no xadrez mundial.
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