No passado ano de
2012 o presidente executivo da EDP recebeu 1,2 milhões de euros de remunerações
a que juntou 1,9 milhões de euros de prémio plurianual de gestão relativo ao
mandato entre 2009 e 2011, tendo um jornal referido que ele recebeu o
equivalente a 6391 salários mínimos nacionais. No mesmo ano o presidente do
Conselho Geral e de Supervisão arrecadou 430 mil euros, enquanto o valor global
bruto das remunerações dos órgãos sociais pagas em 2012 foi de 18 milhões de euros.
Em tempo de crise é uma fartura, mas é também um caso de falta de escrúpulos. É
uma obscenidade. É certo que a EDP lucra
cerca de mil milhões de euros por ano, mas esse lucro é resultante de rendas
garantidas em mercado protegido e dos preços cada mais elevados que cobra aos
consumidores, que atrofiam a estrutura de custos e a competitividade de muitas
empresas. Apesar disso, a EDP ainda reclama um défice tarifário de cerca de 2
mil milhões de euros e, na sua ganância pelo dinheiro, endivida-se nos mercados
internacionais para, entre outros objectivos, distribuir dividendos aos seus
accionistas. Tudo isto é uma verdadeira imoralidade. A EDP e os seus gestores
insultam-nos.
Neste quadro, em
vez de reduzir as suas remunerações e os dividendos dos accionistas, o
presidente executivo da EDP resolve dar entrevistas com conselhos aos juízes
do Tribunal Constitucional e a responsabilizá-los pela eventual necessidade do país recorrer a
um segundo resgate, apenas porque garantem o cumprimento da
Constituição e se opuseram aos despedimentos discricionários na função pública
e ao ataque aos pensionistas. Era melhor que aquela deslumbrada criatura
ficasse calada e tivesse vergonha na cara, mas quis sabujar-se aos seus amigos
do governo.
Lamentavelmente ,
os nossos jornais nem sequer falam disto.
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