Na sua última edição, a revista The Economist escolheu as questões da
tecnologia e do emprego como tema central, ilustrando-o com a imagem de um
tornado a destruir um escritório. É uma imagem eloquente. Na realidade, o
efeito das tecnologias sobre o emprego foi sempre muito importante e se na
Revolução Industrial substituiu os tecelões artesanais pelos teares mecânicos, também
na Revolução Digital dos nossos dias está a destruir muitos dos postos de
trabalho que sustentaram a classe média no século XX. Há cem anos, nos países
industrializados, a agricultura ocupava um terço da mão-de-obra, mas actualmente
a agricultura ocupa apenas 2% da população e produz muito mais. Porém, esses trabalhadores
excedentários não foram para o desemprego, tendo sido absorvidos por outros
empregos mais sofisticados e mais bem pagos. A sociedade desenvolveu-se e
o ser humano passou a viver melhor.
O que se passa actualmente é semelhante pois estão a
desaparecer postos de trabalho em consequência da inovação tecnológica, caso dos
dactilógrafos, dos vendedores de bilhetes, dos caixas dos bancos e de muitos
outros intervenientes nas linhas de produção. Até agora, os postos de trabalho
mais vulneráveis às novas tecnologias eram
os que envolviam tarefas repetitivas de rotina, mas graças ao aumento
exponencial da capacidade de processamento e à presença da informação
digitalizada, os computadores são cada vez mais capazes de realizar tarefas
complexas de forma mais barata e eficaz do que as pessoas. Assim se gera o desemprego e se acentua um desemprego estrutural de efeitos sociais
imprevisíveis. Por isso, o The Economist afirma que é preciso mais investimento na
educação, nomeadamente em educação pré-escolar, uma vez que as capacidades
cognitivas e sociais que as crianças aprendem nos seus primeiros anos
definem grande parte do seu potencial futuro, enquanto os adultos vão precisar
cada vez mais de formação continuada. Segundo aquela revista, é preciso mais inovação e uma renovada capacidade para inventar
novos bens e serviços para empregar os milhões de pessoas que cairam no
desemprego mas, ainda segundo o The Economist, os governos não estão preparados para isso.
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