Depois de mais de
trinta meses de governação da actual maioria e a quatro meses de terminar o
programa de ajustamento que foi acordado com a troika, é altura de se começarem a fazer balanços, até porque se
aproximam as eleições europeias. O governo e a sua gente querem passar a ideia
de que o programa foi um sucesso e até parece estar a ser criado um ambiente
de euforia. É bom que se contenham e que não ofendam quem passou e está a
passar mal por causa da sua insensibilidade e do seu fanatismo ideológico. A
troika vai-se embora, mas os problemas acumulados desde há muitos anos ficam
cá, com um país mais triste, mais desigual e mais envelhecido. Porém, é preciso
recordar quem chumbou o PEC4 e chamou a troika,
dizendo que o seu programa era o programa da troika e que iria surpreender por ir mais longe do que as imposições
da dita troika. Nem se pode esquecer a
promessa de resolver o problema das Finanças Públicas com o corte nas “gorduras
do Estado”, nem a declaração pré-eleitoral mais simbólica de Passos: "Nós
calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos que não será necessário em
Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa
de saneamento financeiro".
Foi uma enorme mentira.
Sem qualquer pudor, o governo foi ao bolso dos mais pobres e cortou salários e
confiscou pensões. Não tocou nos interesses instalados. Não corrigiu o
défice público que continua excessivo. Fez aumentar substancialmente a dívida
pública. Atacou as políticas sociais e, em especial, cortou na saúde e na
educação. Privatizou sem cuidar do interesse nacional. Humilhou as Forças Armadas. Tentou repetidamente
violar a Constituição.
Como consequência
das suas políticas, o produto nacional regrediu e o desemprego tornou-se um
grave problema social. Foram destruídos mais de 300 mil postos de trabalho
líquidos. Aumentaram as desigualdades, as injustiças e a pobreza. Foram
empurradas mais de 200 mil pessoas para a emigração, incluindo jovens altamente
qualificados. O aparelho de Estado foi ocupado por “assessores de aviário”, uns
ex-jotas ambiciosos e impreparados para os quais não faltam bons salários, nem
Audi, nem BMW.
Para saber o que
se passa nem é preciso consultar estatísticas. Basta observar ou, então,
escutar o que dizem Bagão Félix, Ferreira Leite ou Pacheco Pereira.
Sem comentários:
Enviar um comentário