A Ucrânia celebrou ontem o 23º aniversário da sua
independência com iniciativas bem diferentes, a mostrar que a guerra é uma
realidade e que o país está profundamente dividido. A capital Kiev foi
embandeirada com as cores nacionais ucranianas e assistiu a uma grande parada
militar, destinada a reforçar a unidade nacional, o moral das suas populações
e a confiança nas suas forças militares, ao mesmo tempo que na cidade de Donetsk,
a cerca de 600 quilómetros de distância, os combatentes pró-russos fizeram
desfilar no centro da cidade algumas dezenas de prisioneiros ucranianos com as
mãos atrás das costas e sob a ameaça de armas e os insultos da multidão, numa condenável
atitude de grande humilhação, conforme documenta hoje o International New York Times.
A guerra não declarada oficialmente está no terreno há várias semanas e já terá
causado mais de dois mil mortos, para além de muita destruição e de vagas de
refugiados, devido aos constantes bombardeamentos ucranianos sobre as cidades
de Donetsk e Lugansk. Sucedem-se os relatos independentes de atrocidades, de excessos
e de humilhações cometidos por ambas as partes, a mostrar que a situação começa
a ficar incontrolável. O governo ucraniano promete não ceder aos separatistas e
desafia a Rússia, ao não autorizar a entrada de apoio humanitário nas regiões
sublevadas do leste do país e ao não reconhecer a anexação da Crimeia. As duas partes
em confronto têm amigos poderosos com interesses estratégicos na região e, por
isso, é necessário que, antes que seja tarde, haja um entendimento entre Vladimir Putin e Angela Merkel e, naturalmente, entre as partes.
Sem comentários:
Enviar um comentário