Na primeira
mensagem que dirigiu às Forças Armadas de Espanha nas celebrações da Páscoa
Militar, o Rei Filipe VI recordou várias vezes que acompanha a vida militar
desde há cerca de 30 anos quando “tive o privilégio de começar a minha formação
castrense junto a muitos de vós” e lembrou a sua frequências das academias do
Exército (Saragoça), da Marinha (Marin) e da Força Aérea (San Javier).
Nesse discurso, o
Rei afirmou que “mandar é servir e não haverá dia em que deixe de recordar este
princípio”. Todos os grandes jornais espanhóis destacaram esta mesma frase
dirigida aos militares, embora ela também seja dirigida a todos os servidores
do Estado e à sociedade civil. Com esta simples frase, o Rei deu uma enorme
lição aos aparelhistas que tomam conta das estruturas do Estado, não para o
servirem, mas para se servirem.
Aqui em Portugal temos
uma república e, portanto, não temos um Rei. Talvez por isso, também temos outro
tipo de mensagens e a ideia de servir que é característica da ética republicana
raramente é mencionada. Aqui, a noção de serviço público e de devoção à causa
pública estão em vias de extinção. Os dirigentes do Estado que servem a causa
pública vão sendo cada vez menos e a ideia de servir está a desaparecer da
ética pública. Sabemos como os grandes partidos políticos dividem entre si os
lugares do Estado ou dele dependentes, que são distribuidos por gestores,
administradores e directores identificados com o centro político e sem que,
muitas vezes, tenham os requisitos mínimos para ocupar essas funções e também sabemos
como essa gente arranja emprego para os amigos como assessores e consultores. Essa
gente depois de instalada não pensa em servir o Estado, mas tão só em assegurar os
seus próprios interesses ou do seu grupo.
“Mandar es
servir” bem podia ser uma frase a colocar sobre as mesas de trabalho de muitos
dirigentes portugueses.
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