Na sua recente
mensagem de Natal o Primeiro-Ministro disse que “entrámos numa nova fase […] de aumento do emprego” e, poucos dias
depois, o Presidente da República afirmou que “a economia está a crescer […] e o desemprego diminuiu”. São duas
vozes institucionais com formação económica e que têm à sua volta muitos
assessores e consultores que os deviam ter prevenido para a nossa realidade, em
que nem “o emprego aumenta”, nem “o desemprego diminui”. De facto, toda a gente
sabe que o emprego não está a aumentar pelo que aquelas declarações só podem
magoar e ofender os que não têm emprego e os que continuam a ser forçados a
emigrar. O crescimento do chamado “falso emprego” criado em absoluta
precaridade pelo próprio Estado, através de alguns milhares de estagiários e de
desempregados que estejam a receber subsídios, não deu para encobrir a
realidade.
Hoje, no seu
primeiro Comunicado de Imprensa de 2015 (News
Release 1/2015) o Eurostat veio anunciar os mais recentes valores do
desemprego: 11.5% para a Zona Euro (EA18), 10,0% para a UE28 e 13,9% para
Portugal. Aquele comunicado destaca que só a Grécia, a Espanha, o Chipre e a
Croácia têm mais desemprego do que Portugal e revela também que Portugal é o
país da Europa que nos últimos dois meses registou o maior agravamento da taxa
de desemprego, que passou de 13,3% para 13,9%, o mesmo acontecendo com a taxa
de desemprego jovem (< 25 anos) que aumentou de 12,5% para 13,8%. Portanto,
Portugal registou a maior degradação do mercado de trabalho em toda a União
Europeia e, tanto o Primeiro-Ministro como o Presidente da República disseram o
contrário. Não dá para acreditar! Belém e São Bento não podem ser centrais de
propaganda. Têm que se dar ao respeito. Será que cederam aos seus interesses
partidários ou que pensam que uma mentira muitas vezes repetida se torna uma
verdade?
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