António
Costa, o Primeiro-Ministro de Portugal, chegou ontem a Goa para uma visita de
dois dias, tendo sido recebido no Aeroporto de Dabolim por Francisco D’Souza, o
Deputy Chief Minister do Governo de Goa, enquanto a edição desta manhã do
diário Herald – a voz de Goa desde 1900 - voltou a ter um título em
português ao destacar uma mensagem de boas vindas:
“Bem vindo Sua Excelência, Goa vos saúda”.
A
visita de António Costa à Índia insere-se no capítulo normal das relações
diplomáticas de Portugal com a comunidade internacional, por razões de conveniência
mútua. Porém, esta visita a Goa tem uma componente afectiva muito mais intensa, não
só por razões familiares do próprio Primeiro-Ministro, mas também porque Goa é
um espaço geográfico e cultural onde as raízes lusófonas são muito profundas.
Por razões históricas recentes, a separação entre Goa e Portugal concretizada em 1961 foi traumática
e a relação entre ambos os Estados esteve suspensa. Depois de 1974 essa relação
foi retomada pela mão de Mário Soares e, desde então, tem sido feito um grande
esforço por diversas instituições públicas e privadas para intensificar a ligação
cultural entre Portugal e Goa.
Talvez seja a altura de António Costa agradecer aos goeses que têm mantido viva a herança cultural portuguesa - e alguns já partiram sem o devido reconhecimento do Estado Português - e trabalhar consequentemente por um amplo acordo cultural que, sem equívocos, reconheça o legado cultural português
em Goa e permita a sua preservação através do ensino da língua portuguesa, da preservação da toponímia,
da cooperação científica e económica, de uma presença regular nos mass media e, de uma forma geral, de uma intervenção cultural activa e prestigiante no
espaço público. Foi isso que em 1947 os ingleses garantiram em toda a Índia, que os franceses fizeram em 1954 em Pondicherry e foi isso que os portugueses não puderam fazer em 1961, mas que deveriam agora procurar fazer em Goa.
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