No dia
em que a mais prestigiada imprensa internacional dedicou largos espaços ao fim
do mandato de Barack Obama e à próxima investidura de Donald Trump como novo
presidente dos Estados Unidos da América, o mais internacional jornal espanhol
decidiu utilizar a sua primeira página para prestar homenagem a Mário Soares.
Assim,
na sua edição de ontem o diário El Pais publicou na sua primeira
página uma expressiva fotografia a quatro colunas das cerimónias fúnebres realizadas
no Mosteiro dos Jerónimos, às quais assistiram vários dirigentes políticos
mundiais, incluindo o Rei Filipe VI de Espanha e o Presidente Michel Temer do Brasil.
Porém,
durante os três dias de luto nacional, o maior e mais genuíno tributo a Mário
Soares foi prestado pelo povo anónimo de Lisboa, que esteve presente em todas
as cerimónias realizadas e se comoveu com a perda do homem que se tornou o símbolo
da coragem política e da luta pela liberdade. O cortejo fúnebre que transportou
Mário Soares até ao Cemitério dos Prazeres foi imponente e solene, mas foi também
uma comovida e sincera homenagem que lhe foi prestada, sobretudo quando passou
pelo Largo do Rato, onde uma pequena multidão voltou a gritar “Soares é fixe”.
As
televisões dedicaram grande parte da sua programação ao legado político de
Mário Soares, enquanto um sem número de mal preparados praticantes de
jornalismo se esforçou por lhe dar conteúdo. A generalidade dos políticos, com
maior ou menor sinceridade, não deixou de acompanhar Mário Soares e de lhe
prestar a sua homenagem.
Depois
de três dias, as cortinas fecharam-se. Nos tempos que hão de vir, a voz e militância
de Mário Soares vão fazer falta à Democracia em Portugal.
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