A
edição de ontem do jornal Le Fígaro destaca que “o confronto
entre as grandes potências mundiais se joga nos oceanos” e ilustra essa frase
com uma fotografia do porta-aviões chinês
Liaoning, a navegar com algumas fragatas. De acordo com o jornal, o mar
tornou-se o centro dos grandes jogos estratégicos, salientando que depois do
fim da guerra fria, os oceanos se tornaram um palco de confrontos potenciais entre
as grandes potências e que, por isso, as potências emergentes asiáticas estão a
modernizar as suas frotas.
De
facto, há actualmente muitas zonas de tensão que se estendem do Atlântico ao
mar do Sul da China, passando pelo oceano Índico, pelo golfo de Aden e pelo
Mediterrâneo oriental, havendo concentração de meios navais em muitas dessas
áreas. Os Estados Unidos mantém a supremacia naval no mundo através de uma
dezena de super porta-aviões, mas os países asiáticos estão a reforçar-se.
Assim, para além do Liaoning, a China
tem um segundo porta-aviões em construção e parece que uma terceira unidade faz parte dos seus planos de reforço
militar. A Índia que já dispunha dos porta-aviões Viraat e Vikramaditya,
reforçou-se recentemente com o novo Vikrant,
totalmente construído e equipado nos estaleiros de Cochim. Até a Tailândia tem
o Chakri Naruebet, o seu porta-aviões
de bandeira, enquanto a Austrália e o Japão não tardarão a “sentir-se ameaçados”
e a requerer o reforço da sua defesa. Parece que estamos a chegar a um tempo
semelhante ao da guerra fria, numa escalada a que então se chamou neokeynesianismo militar, isto é, perante
“as ameaças” aumentavam as despesas militares dos rivais e perante o aumento
das despesas militares dos outros, também aumentavam as nossas, numa verdadeira
espiral de despesa militar. Nessa corrida, os porta-aviões são importantes porque têm que ser cheios de aviões e de helicópteros. Então como agora, é a indústria do armamento que
ganha.
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