terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Grandes potências confrontam-se no mar

A edição de ontem do jornal Le Fígaro destaca que “o confronto entre as grandes potências mundiais se joga nos oceanos” e ilustra essa frase com uma fotografia do porta-aviões chinês Liaoning, a navegar com algumas fragatas. De acordo com o jornal, o mar tornou-se o centro dos grandes jogos estratégicos, salientando que depois do fim da guerra fria, os oceanos se tornaram um palco de confrontos potenciais entre as grandes potências e que, por isso, as potências emergentes asiáticas estão a modernizar as suas frotas.
De facto, há actualmente muitas zonas de tensão que se estendem do Atlântico ao mar do Sul da China, passando pelo oceano Índico, pelo golfo de Aden e pelo Mediterrâneo oriental, havendo concentração de meios navais em muitas dessas áreas. Os Estados Unidos mantém a supremacia naval no mundo através de uma dezena de super porta-aviões, mas os países asiáticos estão a reforçar-se. Assim, para além do Liaoning, a China tem um segundo porta-aviões em construção e parece que uma terceira unidade faz parte dos seus planos de reforço militar. A Índia que já dispunha dos porta-aviões Viraat e Vikramaditya, reforçou-se recentemente com o novo Vikrant, totalmente construído e equipado nos estaleiros de Cochim. Até a Tailândia tem o Chakri Naruebet, o seu porta-aviões de bandeira, enquanto a Austrália e o Japão não tardarão a “sentir-se ameaçados” e a requerer o reforço da sua defesa. Parece que estamos a chegar a um tempo semelhante ao da guerra fria, numa escalada a que então se chamou neokeynesianismo militar, isto é, perante “as ameaças” aumentavam as despesas militares dos rivais e perante o aumento das despesas militares dos outros, também aumentavam as nossas, numa verdadeira espiral de despesa militar. Nessa corrida, os porta-aviões são importantes porque têm que ser cheios de aviões e de helicópteros. Então como agora, é a indústria do armamento que ganha.

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