O
fenómeno do futebol é no nosso país, por mérito absoluto, por moda ou porque dá
de comer a muita gente, uma actividade que tomou conta da comunicação social e
que ocupa um destacado lugar na informação portuguesa. Nenhuma outra actividade
tem a cobertura que a imprensa dá ao futebol, que é tratado como uma coisa mais
importante do que a política, a economia, a cultura e as artes, a ciência e a
tecnologia ou a vida internacional. Os jornais gastam páginas e as televisões
consomem horas a tratar da vida dos jogadores, dos treinadores, dos árbitros e
dos dirigentes, das transferências e dos penaltis, dos foras de jogo e dos
cartões. O futebol tornou-se uma coisa doentia, não pelo que se passa sobre os
relvados, mas pela forma cega e obsessiva como é tratado por muitos jornais e
jornalistas. É pena que assim seja, mas é.
Ontem
dois portugueses brilharam no panorama desportivo internacional. O treinador José
Mourinho levou a sua equipa do Manchester United a vencer a Taça da Liga
inglesa e o ciclista Rui Costa venceu a Volta ao Abu Dhabi, derrotando os
grandes nomes do ciclismo mundial. Os jornais generalistas portugueses entenderam
que o assunto não era importante e os jornais desportivos deram-lhe um pequeno
canto das suas primeiras páginas, ocupadas pelas fotografias do Jonas, do
Mitroglou e do Soares ou pelos discursos dos candidatos à presidência do
Sporting. Assim aconteceu com a edição de hoje de A Bola.
Estes Mourinhos e estes Costas fazem muito pela nossa auto-estima e é
lamentável que os jornais portugueses quase os ignorem.
Sem comentários:
Enviar um comentário