A Comissão
Europeia entusiasmou-se com as últimas notícias da economia e, perante um
desemprego que está ao seu mais baixo nível desde 2008, um investimento que está
a aumentar, umas finanças públicas mais equilibradas e um sistema bancário que
se fortaleceu, decidiu anunciar o fim de uma crise que durou dez anos e que foi
a pior por que passou a União Europeia na sua história de seis décadas.
Hoje, o diário ABC deu um enorme destaque a esta notícia, que pode ser verdadeira ou não, mas que é prematura. Embora pareçam
já estar ultrapassados os tempos do subprime e as
situações de grande dificuldade que levaram a intervenções e resgates, de diferente extensão e
natureza, na Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre, esta declaração é precipitada, mesmo considerando que o produto global da UE28 esteja a crescer a 2%. Esta euforia dos burocratas de Bruxelas também está a passar
por Portugal, impulsionada por um clima de generalizada confiança e de
estabilidade política, mas sobretudo pela excelência dos resultados das
exportações e do turismo. Segundo as previsões do Banco de Portugal a economia
portuguesa irá crescer 2,5% em 2017, que é superior àquele que se prevê para o
conjunto da UE28, pelo efeito do enquadramento internacional de
recuperação da procura interna, do investimento e do emprego. Dizem que é a
retoma que aí está, mas ainda é cedo para se tirar essa conclusão.
Embora estejam
anunciadas estas perspectivas favoráveis, será bom que as nossas autoridades não
se esqueçam do enorme endividamento dos agentes económicos, do elevado
desemprego de longa duração e do acentuado envelhecimento da população, para
além de, ao contrário do que afirma a Comissão Europeia, não sabermos se os
nossos bancos estão realmente mais fortes do que há dez anos atrás. Que as coisas estão a andar bem é uma evidência que deixa o Passos e a Cristas bem nervosos, mas será que se pode anunciar o fim da crise?
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