A poucos dias de
deixar a presidência de Angola, José Eduardo dos Santos inaugurou ontem o
Memorial à Vitória do Cuito Cuanavale, um monumento que vai ficar a assinalar o
maior confronto militar da guerra civil angolana e a homenagear os
protagonistas dessa batalha que acabou por decidir o futuro da guerra e por influenciar
o fim do regime do apartheid sul-africano
e a independência da Namíbia.
O Jornal
de Angola dedica toda a sua primeira página à inauguração deste
monumento localizado exactamente no Cuito Cuanavale, que coincide
com as homenagens que têm sido prestadas a Agostinho Neto, considerado o
fundador da República e pai da Independência angolana.
Nessa batalha que
ocorreu no sul de Angola entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988, considerada a maior batalha travada em África por dois exércitos
regulares desde a segunda guerra mundial, confrontaram-se o exército angolano
(FAPLA) e as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR), assessorados por
conselheiros militares da antiga União Soviética e, do outro lado, as forças da
UNITA e o poderoso exército sul-africano. Embora a vitória tivesse sido
reivindicada por ambas as partes, o facto é que esta dura batalha conduziu à
assinatura dos Acordos de Nova Iorque, que levaram à retirada de tropas
estrangeiras do território angolano, à independência da Namíbia, à libertação
de Nelson Mandela e ao fim do apartheid
na África do Sul.
O monumento ontem
inaugurado tem uma concepção desajustada das correntes escultóricas mais modernas, mas tem um simbolismo
histórico muito importante para Angola, pois enriquece o lugar de reflexão e memória que são os 3,5 hectares de
extensão da praça memorial onde se encontram outros monumentos e "eterniza" a memória dessa grande epopeia militar angolana. Assim, Angola
alimenta as memórias que fazem a sua História.
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