Na passado dia 15 de Novembro eclodiu um movimento militar no Zimbabwé a partir de Harare, tendo os militares bloqueado os acessos aos edifícios do governo e do Parlamento e ocupado as instalações da televisão. Ouviram-se explosões na cidade e foi anunciado que o Presidente Robert Mugabe estava detido e sob a protecção dos militares. A intenção dos militares não era clara, mas insistiram que não se tratava de um golpe de estado. Sucederam-se episódios diversos e a população começou a agitar-se nas ruas para exigir a demissão de Mugabe, não só pelos seus 93 anos de idade e 37 anos de poder, mas pelas suas práticas ditatoriais e comportamentos impróprios num estado democrático.
Mugabe ainda reapareceu em público mas recusou demitir-se. Na passada terça-feira, dia 21, não aguentou a pressão e renunciou à presidência através de uma carta enviada ao presidente do Parlamento em que dizia: “Eu, Robert Gabriel Mugabe, entrego formalmente a minha renúncia como Presidente do Zimbabwé com efeito imediato. Renunciei para fazer uma transferência de poder tranquila”.
O herói da independência que lutou com armas na mão contra o regime racista de Ian Smith e que estava no poder desde a independência do país em 1980, foi esquecido. O povo não lhe perdoou os excessos e saiu à rua para celebrar festivamente o seu afastamento. Em Harare ouviu-se um monumental concerto de buzinas e houve festa por todo o lado. Tudo normal em situações como esta.
O que não foi normal foi esta operação político-militar que, sem tiros nem confrontos, conseguiu afastar um ditador firmemente agarrado ao poder. Até parecia um 25 de Abril no Zimbabwé. A imprensa internacional acompanhou de perto esta situação e The Economist até dedicou a sua primeira página à queda do ditador.
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