O jornal belga Le
Soir destaca na sua edição de hoje a situação de fragilidade em que
vive a União Europeia, afirmando que está em crise e que, pela primeira vez na sua
história, a sua principal ameaça não é externa. O jornal escolheu o sugestivo título
“L’Europe contemple son implosion”, porque entende que existe um verdadeiro risco de implosão
cada vez mais anunciado, porque é demasiado complexo manter a coesão de 28
estados-membros, com 28 culturas políticas e com 28 interesses conflituantes. Não
se trata apenas do Brexit ou da “ditadura orçamental” de Bruxelas, da crise
migratória ou das velhas questões da repartição de fundos estruturais. O novo
problema da União Europeia são as chamadas democracias
iliberais que governam a Hungria de Viktor Orbán e a Polónia de Jaroslaw
Kaczynski e que se estão a confrontar com as democracias liberais.
O conceito de
iliberismo ou democracia iliberal tem sido utilizado para classificar os
regimes ou personalidades democraticamente eleitos ou até reeleitos, mas que
ignoram os limites dos seus poderes e não aceitam as regras da democracia
liberal de tipo ocidental, actuando segundo a sua própria vontade e privando os
cidadãos dos direitos e liberdades fundamentais. Apontam-se os casos de
Singapura, China, Índia, Turquia e Rússia que, por vezes, são considerados uma
ante-câmara de ditaduras. São casos de algum sucesso económico, mas também são
casos de grande nacionalismo e de algum extremismo que perturbam as relações
internacionais. Por isso, a Hungria e a Polónia e, mais recentemente a Áustria,
começam a ser uma perturbante ameaça para a União Europeia e para o seu projecto de progresso
e de solidariedade.
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