domingo, 16 de junho de 2019

A complexa via autonómica de Hong Kong

O regresso da colónia britânica de Hong Kong à República Popular da China aconteceu em 1997 mas, apesar do seu estatuto de região administrativa especial, têm sido evidentes as dificuldades de integração do território na China continental e a prova disso são os protestos mais ou menos violentos que vão acontecendo. Por via do acordo de regresso à mãe-pátria e, tal como acontece com Macau, o território de Hong Kong desfruta de um alto grau de autonomia, excepto em matérias de Defesa e Negócios Estrangeiros, podendo utilizar algumas regras e liberdades que não são autorizadas na China continental.
A ilha de Hong Kong foi cedida aos britânicos depois da 1ª Guerra do Ópio (1839-1842) e, mais tarde, a Grã-Bretanha alugou por 99 anos uma parte do território continental designada por Novos Territórios. Uma tão longa permanência e o grande desenvolvimento económico da colónia fez com que a maioria dos seus 7 milhões de residentes, embora de etnia chinesa, não se sintam chineses, mas sobretudo Hong Kongers. Daí resulta uma contínua reacção às políticas centralistas e de maior aproximação a Pequim, acontecendo que algumas das medidas tomadas provocam reacções, como aconteceu com a recente aprovação da lei que permitirá a extradição de Hong Kongers para a China, um tema tratado na última edição de The Economist.
E o que fazem os Hong Kongers? Para além de um aumento do sentimento anti-continente chinês e de já haver quem peça a independência do território que os britânicos geriram durante cerca de 150 anos, há muitos milhares que protestam, que bloqueiam estradas e que cercam os edifícios governamentais, enquanto a polícia utiliza gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar as multidões. O confronto entre Pequim e Hong Kong vai, naturalmente, continuar.

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