domingo, 16 de junho de 2019

Há novos actores no teatro do Golfo

Os Estados Unidos e o Irão não têm relações diplomáticas entre si e, desde 1979, quando o regime monárquico do xá Reza Pahlevi foi derrubado pela revolução iraniana liderada pelo ayatollah Khomeini, que existe uma tensão permanente entre os dois países. Aparentemente, nem os americanos gostam dos iranianos, nem os iranianos gostam dos americanos. As causas dessa tensão são muito diversas, sobretudo as causas políticas relacionadas com a revolução iraniana e as causas económicas relacionadas com o domínio do petróleo do Golfo, mas todas se agravaram quando os americanos souberam que o Irão estava a desenvolver armas nucleares.
Assim, em 2015 foi assinado o Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), um acordo destinado a limitar o programa nuclear iraniano a troco do levantamento parcial das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e pelos seus aliados europeus, mas Donald Trump considerou-o “o pior negócio do mundo” e abandonou-o em 2018. Desde então, sucedem-se os episódios que têm contribuído para aumentar a tensão na região do Golfo, o mais recente dos quais foram os ataques a um petroleiro norueguês e a um petroleiro japonês. Os Estados Unidos acusaram imediatamente o Irão por esses ataques, mas as Nações Unidas, o Japão, a Rússia e outros países querem provas mais definitivas do envolvimento iraniano. Os americanos afirmaram que esses ataques exigiram um nível de especialização só possível por parte do Irão, mas os japoneses rejeitam esse argumento que, segundo eles, também se aplicaria aos Estados Unidos e a Israel.
O facto é que ontem o jornal Shargh Daily, que é editado em Teerão na língua persa, publicou uma expressiva fotografia de Hassan Rouhani, junto de Vladimir Putin e de Xi Jinping, mostrando que o Irão tem aliados poderosos e que o domínio e a influência americanas na região já não são o que foram.

Sem comentários:

Enviar um comentário