Depois de onze
dias de grande intensidade bélica, funcionou a intervenção diplomática egípcia
e das Nações Unidas, entre outras, tendo entrado em vigor um cessar-fogo na
Faixa de Gaza e não se tendo até agora registado quaisquer violações. As duas
partes festejaram e gritaram vitória e, enquanto observador desta situação,
pergunto se alguém ganhou com esta guerra que provocou 232 mortos em Gaza e
doze em Israel, além de muitas centenas de feridos e de enormes destruições
materiais.
A Palestina vive
com dois governos: um que foi eleito e governa na Cisjordânia (Autoridade
Nacional Palestiniana) e outro que se impõe pelas armas na Faixa de Gaza
(Hamas), enquanto Israel é governado por uma coligação de direita em torno do
partido conservador Likud de Benjamim Netanyahu, que teve grande apoio de
Donald Trump e tem sido frequentemente acusado de ser corrupto. Tanto o Likud
como o Hamas têm grandes apoios internacionais e são os representantes máximos
da rivalidade e da beligerância israelo-árabe.
Passados onze dias
parece que ainda não sabemos bem o que se passou, porque nos são contadas duas
histórias bem diferentes. Por um lado, vimos pela televisão a brutalidade dos
ataques aéreos israelitas e a tragédia humanitária que atingiu as populações na
Faixa de Gaza, mas por outro não nos foram mostrados os efeitos dos rockets lançados pelo Hamas sobre o
território israelita. Ficamos a pensar que foi um confronto desproporcionado, que
Israel conseguiu os seus objectivos e o que o Hamas foi massacrado. Porém,
quando o jornal Tehran Times, na sua edição de hoje anuncia a vitória dos seus
protegidos do Hamas e critica o apoio cego dos Estados Unidos aos israelitas,
ao mesmo tempo que afirma que o cessar-fogo livrou Netanyahu de uma derrota
humilhante, ficamos na dúvida sobre o que se passou. São duas narrativas opostas para os mesmos acontecimentos. Cada um conta a sua
história e a imprensa não consegue ser neutra, nem informar com rigor, alinhando
com quem mais lhe interessa.
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