quarta-feira, 19 de maio de 2021

Marrocos em desafio à cidade de Ceuta

Nos últimos dias e em especial na passada segunda-feira, o território de Ceuta mas também o território de Melilla, foram alvo de uma invulgar entrada de migrantes ilegais provenientes de Marrocos.
Ceuta e Melilla são duas cidades espanholas encravadas no território marroquino e são as duas únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África. O seu historial como centros de atracção de imigração ilegal foi sempre muito importante, mas o que aconteceu agora não tem precedentes, pois cerca de oito mil pessoas, a nado ou a pé, atravessaram a fronteira, sem que a polícia marroquina as travasse como era seu dever.
Acontece que, por motivos humanitários, em finais de Abril a Espanha recebeu Brahim Gali, o líder da Frente Polisário e presidente da República Árabe Sarauí Democrática, para ser tratado pois fora infectado por covid-19Marrocos não gostou e resolveu retaliar, tendo “organizado” esta “invasão” provocatória. Donald Trump tinha reconhecido a soberania marroquina sobre o território do Sara Ocidental, contrariando a posição oficial da ONU que o define como “um território não autónomo pendente de descolonização”. Desde então, a pressão marroquina sobre a União Europeia e sobre a Espanha, intensificou-se para que sigam o exemplo norte-americano.
Segundo as autoridades espanholas, cerca de 70% dos “invasores” foram imediatamente repatriados para Marrocos sem levantar quaisquer dificuldades, o que sugere que tinham sido contratados para esta acção. Entretanto, como mostrou hoje o jornal El Pueblo de Ceuta, a população de Ceuta organizou grandes manifestações de protesto e de espanholismo, pois teme que as acções dos últimos dias sejam um ensaio para outras acções que, em último grau, visariam a expulsão espanhola daqueles enclaves.

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