Na passada
terça-feira os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin encontraram-se numa
cimeira virtual, o que é um facto político a salientar, porque apesar da
ascensão da China no plano mundial, os Estados Unidos e a Federação Russa ainda
são, de forma directa ou indirecta, as potências militares dominantes. Durante
mais de duas horas os dois líderes conversaram e, segundo os sucintos relatos
que foram divulgados, a questão da Ucrânia foi o assunto principal que foi
discutido.
A Ucrânia foi uma
das antigas repúblicas da União Soviética que se tornou independente em 1991. É
um grande país com mais de 600 mil quilómetros quadrados de superfície e 44
milhões de habitantes, mas uma parte da sua população é de etnia russa. Entre
ucranianos e russos sempre houve muita tensão e, em 2014, a Rússia ocupou a
península da Crimeia e a sua cidade de Sebastopol “a pedido da população e das
autoridades locais” de etnia maioritariamente russa. Depois, a Rússia e a
Crimeia assinaram um tratado de adesão, mas aquela ocupação nunca foi reconhecida
pela comunidade internacional. Porém, nas regiões leste e sul do país, sobretudo
nas áreas de Donetsk e Lugansk, começou uma grande agitação da população pró-russa
contra os ucranianos pró-ocidentais, formaram-se milícias populares e houve
combates intensos. Essa “guerra” tem estado num impasse e, segundo, as fontes
ocidentais, a Rússia prepara-se para intervir nessa região oriental da Ucrânia
pois tem havido forte concentração de tropas na fronteira. Aquilo que deveria
ser discutido entre Kiev e Donetsk, passou a ser discutido entre Washington e
Moscovo, com Bruxelas e outras capitais europeias a interferir. As acusações são
recíprocas: os Estados Unidos e os seus aliados ameaçam com fortes sanções económicas
se a Rússia invadir o território ucraniano, enquanto a Rússia, que atribui o
aumento da tensão aos falcões da NATO e à sua tentativa de se instalarem
próximo da fronteira russa com os seus mísseis, ameaça com os seus
fornecimentos de gás e exige que o regime de Kiev tenha negociações directas
com os separatistas da autoproclamada República Popular de Donetsk, sem
qualquer interferência da NATO. Estão num impasse. Porém, a cimeira virtual da
passada terça-feira foi um passo num bom sentido e da resolução pacífica do
problema.
O que é curioso é
que a imprensa internacional não deu grande destaque a este encontro e foi o
jornal canadiano National Post que o trouxe para a sua primeira página.
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