A Europa é uma
realidade cultural muito heterogénea e daí que, muitas vezes, seja usada a
expressão “Europa das pátrias” para a caracterizar. A unidade europeia existe
na geografia mas só avançou no plano político depois da 2ª Guerra Mundial,
embora subsistam enormes diferenças culturais que resistem aos efeitos
sociológicos e económicos da mundialização cultural.
Nesse sentido, o
conflito da Ucrânia no qual estão concentradas todas as atenções, tende a fazer
esquecer outros sinais de instabilidade associados aos nacionalismos que,
embora de outra escala e adormecidos ou não, estão presentes no panorama
político europeu. É o caso da Córsega, a ilha francesa do Mediterrâneo que tem
cerca de 340 mil habitantes e onde existe uma significativa corrente nacionalista
e independentista, que em tempos se agrupava na FLNC (Fronte di Liberazione
Naziunale Corsu). Um dos seus líderes chama-se Yvan Colonna, tem 61 anos de
idade e está condenado a prisão perpétua por homicídio de um autarca corso em
1998.
Há dias, na prisão
de Arles, no sul de França, Colonna foi atacado e gravemente ferido por um
companheiro de prisão, encontrando-se em coma. Surgiram protestos violentos em
que as autoridades francesas foram acusadas de não terem dado resposta ao
pedido de Colonna para ser transferido para uma prisão corsa. Na cidade de
Ajaccio, a capital, os manifestantes atacaram a Polícia e o Palácio da Justiça
com pedras e bombas incendiárias, enquanto em Bastia e Calvi foram utilizados
cocktails Molotov e houve mais de duas dezenas de polícias feridos.
Na sua edição de
hoje, o jornal corse matin refere a escalada das manifestações e dos motins
que explodem por toda a ilha e escreve que os separatistas corsos que lutaram
pela independência durante décadas, estão de novo nas ruas, depois do seu
principal movimento (FNLC) ter deposto as armas em 2014.
Para além das
preocupações com a Ucrânia que dizem respeito a todos, os franceses ainda têm
estes problemas adicionais.
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