Numa altura em que as agendas mediáticas andam
ocupadas com o futebol e com a guerra na Ucrânia, ainda há surpreendentes
notícias de tentativas de “golpes de estado” na Alemanha e no Perú, o que não
se imaginava que pudesse acontecer, pois esse tipo de intervenção parecia estar
fora de moda, até mesmo na América do Sul, quanto mais na Alemanha.
Na Alemanha, que é o principal país da União
Europeia, foi desmantelada uma rede que se suspeita estar a preparar um “golpe
de estado”, através da invasão do Bundestag, do derrube do governo e da
imposição de uma nova ordem constitucional.
No Perú também terá acontecido uma tentativa de
“golpe de estado”, promovida por Pedro Castillo, isto é, pelo próprio
presidente da República. Castillo foi eleito em 2021 na 2ª volta das eleições
presidenciais peruanas, mas durante a campanha eleitoral já era acusado de ser
“o Nicolás Maduro do Perú”, pelos seus sinais de autoritarismo. A sua
presidência decorreu em permanente clima de crise política e com frequentes
acusações directas de ser um agente activo da alta corrupção, pelo que no seu
curto mandato foi confrontado com três pedidos de impeachment. Ontem, dia 7 de dezembro, o Parlamento procurou
destitui-lo por “incapacidade moral”, mas Castillo antecipou-se e decretou a
sua dissolução. Porém, cerca de duas horas depois o impeachment foi mesmo votado e aprovado com 101 votos a favor, seis
contra e dez abstenções. O Congresso, e depois o Supremo Tribunal do Perú,
classificaram a atitude ditatorial de Castillo como “golpe de estado”, pelo foi
destituído e imediatamente detido por violação da Constituição, ao mesmo tempo
que era dada posse à vice-presidente Dina Boluarte para o substituir. O diário Uno, que se publica em Lima, mostra as fotografias de Castillo e de Boluarte, ou as imagens de la traición e de la esperanza.
Portanto, na Alemanha e no Perú, terá havido duas tentativas de “golpe de estado”, que é uma coisa que se
julgava impensável em quase todo o mundo no século XXI.
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