No último texto
que aqui publicamos foi tratado o ex-jornalismo independente e era referida uma comunicação
de massas que produz e reproduz ideologias mascaradas de independência e
neutralidade em relação aos interesses comerciais, políticos e até do próprio Estado.
Os efeitos sociais dos mass media são
intensos e são estudados desde há muitos anos, até existindo a “teoria das
balas mágicas” que afirma que o processo de comunicação de massas é equivalente
ao que se passa numa carreira de tiro, pois bastava atingir o alvo para que
este caísse.
No actual
contexto em que a comunicação social é um negócio, o jornalista deixou de ser
um profissional independente e de valores próprios, para passar a partilhar os
valores do seu patrão ou da sua empresa. Esta realidade tem-se agravado nos últimos
anos e aplica-se à imprensa, à radio e à televisão. Nessa linha de pensamento,
também o iluminado Marshall McLuhan afirmou que a rádio e a televisão estavam a
fazer do nosso planeta uma “aldeia global”. De facto, são bem conhecidos os
efeitos sociais e culturais dos mass
media e, há poucos anos, um jornalista português de referência dizia que “a
televisão vende sabonetes e até vende presidentes da república”.
Quando, na sua
edição de hoje, o Diário de Notícias diz que “40% dos juízes admite que
comunicação social influencia decisões”, confirmamos aquilo que há muito tempo
era uma evidência e ficamos preocupados com os correios da manha e outros
pasquins que, servindo duvidosos valores e princípios, utilizam a difamação, a
inverdade, o sensacionalismo, a violação do segredo de justiça e o “vale tudo”,
para estimular os julgamentos e as condenações na praça pública. Assim se
ressuscita aquilo que os cientistas sociais americanos designam por “legado do
medo”, isto é, o medo dos jornais e das televisões, o medo da difamação e da
propaganda, o medo da suspeita malévola e sem fundamento, o medo das redes sociais, isto é, o medo da comunicação de massas.
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