sábado, 17 de novembro de 2012

The time-bomb at the heart of Europe

The Economist destaca hoje na sua primeira página um tema que não sendo uma novidade, tem estado razoavelmente esquecido por jornalistas e por comentadores: trata-se da França, que a revista classifica como uma bomba-relógio no coração da Europa. A atenção internacional tem estado centrada nos “países que têm vivido acima das suas possibilidades”, como habitualmente são tratadas a Grécia, Portugal, Espanha e Itália, sobretudo em relação às suas dívidas e défices, políticas de austeridade, reformas em curso e reacções mais ou menos violentas que têm desencadeado, mas os problemas do país que está no coração do euro e da União Europeia não são menos graves. Com a presidência de Nicolas Sarkozy a França cedeu à Alemanha a liderança na crise do euro e dos destinos da própria União Europeia e, agora, até a sua economia parece estar cada vez mais vulnerável, ao perder competitividade para a Alemanha. Sem poder desvalorizar a moeda, a França tem aumentado a sua dívida pública que já ultrapassa os 90% do PIB, enquanto o Estado ganhou uma dimensão excessiva e consome 57% do PIB. Mais de 10% da força de trabalho e mais de 25% dos jovens, estão desempregados. Diz The Economist que o clima de negócios também piorou, que não nascem empresas e que há cada vez menos pequenas e médias empresas, que são hoje os motores do crescimento e do emprego, havendo uma invulgar intenção de emigrar, inclusive daqueles que são os candidatos naturais a empresários. O orgulho nacional francês começa a estar ferido, mas nem as elites nem os eleitores estão preparados para ceder mais soberania, nem para aceitar reformas estruturais mais profundas. A França é uma potência mundial mas corre o risco de ficar para trás e dos famosos mercados se decidirem por colocá-la na sua mira. François Hollande não tem muito tempo para desarmar esta bomba-relógio no coração da Europa.

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