José Mariano Gago
morreu ontem com 66 anos de idade. Antigo ministro da Ciência nos governos de
António Guterres (1995-2002) e José Sócrates (2005-2011), foi o político que
ocupou um cargo ministerial durante mais tempo em Portugal e foi, também, o
responsável pelo desenvolvimento exponencial da ciência portuguesa nos últimos
anos.
Tinha sido um dos
melhores alunos do seu tempo no Instituto Superior Técnico, para cuja
Associação de Estudantes foi eleito presidente em 1969 e destacou-se na luta
estudantil contra a ditadura. Após ter concluido a sua licenciatura em
engenharia electrotécnica, seguiu para Paris para fazer um doutoramento na área
da produção e transferência de energia, mas quando em 1972 se encontrava de
férias em Lisboa e soube que tinha um mandato de captura da PIDE, decidiu-se
pelo exílio. Já doutorado trabalhou na Suiça e só regressou definitivamente em
Portugal em 1986 para presidir à JNICT, que antecedeu a FCT, a principal
entidade de financiamento público da investigação portuguesa. Depois assumiu a
função de ministro da Ciência, tendo a sua actividade sido elogiada em todos os
quadrantes políticos por ter conseguido colocar a ciência na agenda política e
demonstrar que essa era a aposta correcta para que Portugal recuperasse o seu
atraso. A ciência portuguesa adquiriu então padrões internacionais e muitos
doutorados que trabalhavam no estrangeiro regressaram a Portugal.
Porém, apareceu a
crise financeira e os governantes portugueses escolheram a contabilidade em vez
da ciência, hostilizando a comunidade científica portuguesa. Mariano Gago disse
então numa entrevista que “forçar doutorados à emigração é um suicídio
nacional”, mas parece que não foi ouvido por quem devia escutar estas avisos.
Homens destes
fazem muita falta ao nosso país!
Só os "outros" não emigram!
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