As autoridades da
Arábia Saudita procederam no passado sábado, dia 2 de Janeiro, à execução de 47
pessoas que tinham sido condenadas por terem adoptado ideologias radicais. O
mundo reagiu com repúdio e com dureza à decisão saudita, com declarações condenatórias
e protestos, mas foi a morte do líder religioso xiita Nimr al-Nimr que provocou
os mais violentos protestos, sobretudo no Irão, onde a embaixada saudita em
Teerão foi atacada e parcialmente queimada. O corte de relações entre o Irão
(maioritariamente xiita) e a Arábia Saudita (maioritariamente sunita), foi a
primeira consequência daquelas brutais execuções, a que se seguiram algumas
ameaças. Vários países da região já se solidarizaram com cada uma das partes e,
para muitos observadores, a hipótese de uma confrontação directa é
elevadíssima, pois que indirectamente já se confrontam na Síria desde há alguns
anos. Embora os dois países não tenham fronteiras terrestres comuns, os seus
territórios situam-se nas margens do golfo Pérsico, frente a frente e separados
apenas por cerca de três centenas de quilómetros. Nessas margens também se
situam o Kuwait, o Iraque, o Qatar, o Bahrein e os Emirados e, sobretudo, as
maiores reservas petrolíferas do mundo. É mesmo um barril de pólvora e,
aparentemente, já todos contam espingardas.
Ontem, o The
New York Times analisa detalhadamente a situação e utiliza vários mapas
para explicar a questão geopolítica e religiosa que tanto ameaça o mundo,
destacando esse tema na sua primeira página. A possibilidade de confrontação directa
é muito elevada, até porque ambos estão bem armados, sendo preocupante saber-se
que as populações sunitas e xiitas vivem dispersas por vários países da região,
numa relação média de cinco sunitas por cada três xiitas. Por isso, cada país
tem uma maioria e uma minoria, o que pode (e costuma) funcionar como rastilho
neste tipo de escaladas. O que não há dúvida é que em Riade e em Teerão, e não
só, já se contam espingardas.
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