segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Os Açores e o seu novo quadro político

As eleições regionais açorianas deram a vitória ao Partido Socialista e ao seu líder Vasco Cordeiro, embora sem a maioria absoluta que lhe permitiria governar sustentado num apoio parlamentar estável e coerente, pelo que a partir de agora terá que governar com uma geometria variável de alianças e de apoios que, à semelhança do que se passa no Continente, torna o exercício da governação muito mais complexo. Se agora adicionarmos as novas dificuldades devidas às consequências sociais e económicas da pandemia, o quadro de dificuldade política vai necessariamente aumentar e os açorianos podem vir a passar por um quadro de instabilidade que não conheceram até agora. 
Se analisarmos a evolução da política açoriana num contexto de ciclo de longa duração, verificamos que a alternância democrática - que é uma característica fundamental da Democracia – tem existido nos Açores. Assim, desde que foi consagrada a autonomia dos Açores e que como Região Autónoma passou a ter um Governo Regional, já houve doze governos regionais, sendo seis do PSD e seis do PS. Entre 1976 e 1996 foram vinte anos de governação social-democrata e, entre 1996 e 2000, foram vinte e quatro anos de governos socialistas. Não sei se, para além do estilo, há muita diferença entre uns e outros porque, enquanto zona ultraperiférica, a governação dos Açores depende demasiado de Lisboa e de Bruxelas. Nas eleições ontem realizadas o PS elegeu 25 deputados e o PSD 21, mas a novidade foi que os outros 11 deputados se distribuíram por seis partidos – CDS (3), Chega (2), Bloco de Esquerda (2), PPM (2), PAN (1) e Iniciativa Liberal (1) – enquanto a coligação CDU perdeu o seu deputado. 
São nove ilhas e esta dispersão político-partidária parece reflectir a diversidade cultural do arquipélago, onde só a beleza natural e a qualidade da população são comuns em todas as ilhas.

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