As eleições
regionais açorianas deram a vitória ao Partido Socialista e ao seu líder Vasco
Cordeiro, embora sem a maioria absoluta que lhe permitiria governar sustentado
num apoio parlamentar estável e coerente, pelo que a partir de agora terá que
governar com uma geometria variável de alianças e de apoios que, à semelhança
do que se passa no Continente, torna o exercício da governação muito mais
complexo. Se agora adicionarmos as novas dificuldades devidas às consequências sociais
e económicas da pandemia, o quadro de dificuldade política vai necessariamente
aumentar e os açorianos podem vir a passar por um quadro de instabilidade que
não conheceram até agora.
Se analisarmos a
evolução da política açoriana num contexto de ciclo de longa duração,
verificamos que a alternância democrática - que é uma característica
fundamental da Democracia – tem existido nos Açores. Assim, desde que foi
consagrada a autonomia dos Açores e que como Região Autónoma passou a ter um
Governo Regional, já houve doze governos regionais, sendo seis do PSD e seis do
PS. Entre 1976 e 1996 foram vinte anos de governação social-democrata e, entre
1996 e 2000, foram vinte e quatro anos de governos socialistas. Não sei se,
para além do estilo, há muita diferença entre uns e outros porque, enquanto
zona ultraperiférica, a governação dos Açores depende demasiado de Lisboa e de
Bruxelas. Nas eleições
ontem realizadas o PS elegeu 25 deputados e o PSD 21, mas a novidade foi que os
outros 11 deputados se distribuíram por seis partidos – CDS (3), Chega (2),
Bloco de Esquerda (2), PPM (2), PAN (1) e Iniciativa Liberal (1) – enquanto a
coligação CDU perdeu o seu deputado.
São nove ilhas e esta dispersão
político-partidária parece reflectir a diversidade cultural do arquipélago,
onde só a beleza natural e a qualidade da população são comuns em todas as
ilhas.
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