O ataque à vila
moçambicana de Palma, realizado no dia 24 de Março e dias seguintes pelo grupo
jihadista conhecido por chabab que
tem ligações ao Estado Islâmico, provocou dezenas de mortos e milhares de
desalojados, tendo alertado a comunidade internacional para a gravidade da
situação por que passa a província de Cabo Delgado. Vários países têm oferecido
a sua cooperação ao governo moçambicano que, até agora, tem afirmado que pode
controlar a situação.
A acção desencadeada
sobre Palma é mais uma face de um grave problema que afecta as populações
moçambicanas que, no plano humanitário e desde 2017, já contabiliza cerca de
2.600 mortos e quase 700 mil pessoas desalojadas, que se têm concentrado
sobretudo na cidade de Pemba.
Porém, na sua
última edição, o semanário francês Le Monde ignora ou desvaloriza o
problema humanitário das populações e destaca que “os sonhos do império do gás
estão ameaçados pelos chabab”. De facto, estão reunidos em Moçambique vários
consórcios apostados na exploração do gás natural, em que participam empresas
americanas, japonesas, francesas, italianas, coreanas, indianas, tailandesas,
chinesas, sul-africanas e de outras origens, incluindo a portuguesa Galp. São
muitos milhões de euros de investimento que podem alterar para melhor o futuro
de Moçambique. Na bacia do Rovuma, o complexo de Afungi situado bem perto de
Palma, estava em fase muito adiantada o investimento de 16.000 milhões de euros
do consórcio liderado pela petrolífera francesa Total, que inclui a japonesa
Mitsui, a tailandesa PTTEP e algumas empresas
indianas. Por falta de segurança foi tudo abandonado por agora e está tudo
ameaçado.
Porém, com tantos interesses multinacionais apostados no gás moçambicano,
é de esperar uma reacção internacional que garanta a paz e também o gás em Cabo
Delgado.
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