Como todo o mundo
sabe, a Espanha é o país por excelência da fiesta
brava e as touradas atraem muitos milhares de pessoas, que constituem a afición cujo entusiasmo quase chega ao
fanatismo. Tal como acontece por cá, também em Espanha há um forte movimento de
contestação a esse espectáculo que para uns é uma prática cultural e uma nobre
arte, enquanto para outros é um espectáculo degradante, bárbaro e atentatório
dos direitos dos animais. Existe uma verdadeira guerrilha de argumentos a favor
e contra as touradas que se arrasta há muitos anos, não se vislumbrando uma
solução para essa polémica. Com as limitações impostas pela pandemia do covid-19, toda a época taurina de 2020
foi cancelada e, depois de tantos meses, a afición
já desesperava.
Ontem, na Plaza
de Toros “El Pino” de Sanlúcar de Barrameda, um município da província de
Cádis, a fiesta brava voltou a animar
os aficionados e o jornal La Voz de Cádiz dedicou-lhe hoje
toda a sua primeira página, porque o assunto lhe pareceu importante. Na praça que tem
capacidade para seis mil pessoas, sentaram-se 1.200 espectadores, separados por
metro e meio de distância, enquanto na arena foram lidados touros de Juan Pedro
Domecq, muito bravos segundo relata o jornal. Os artistas foram o valenciano
Enrique Ponce (palmas), o madrileno Manuel Díaz “El Cordobés” (orelha e volta à
arena) e o estremenho Emílio de Justo (duas orelhas e ovação).
Nas touradas
espanholas é sempre escolhido um triunfador e essa tradição manteve-se nesta
primeira corrida da época. Emilio de Justo, natural de Torrejoncillo, na
província de Cáceres, que com 38 anos de idade era o mais jovem dos três matadores, foi eleito o triunfador da corrida que assinalou o regresso da fiesta às praças espanholas.
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