domingo, 28 de agosto de 2022

O incerto destino de um porta-aviões

O jornal Diario de Avisos, que se anuncia como el periódico de Tenerife, destaca na sua última edição a fotografia do porta-aviões brasileiro São Paulo e, com alarmismo, informa que “cruza águas canárias com material radioactivo”.
O navio que desloca 32 mil toneladas e tem 265 metros de comprimento, foi construído em França e entrou ao serviço da Marinha Francesa em 1963 com o nome de FS Foch (R99), mas no ano de 2000 foi vendido ao Brasil, onde tomou o nome de São Paulo. Foi o navio-chefe da Marinha do Brasil, mas teve inúmeros problemas e nunca esteve operacional por períodos superiores a três meses, até que em 2017 foi abatido ao efectivo. Em 2021 o seu casco foi vendido para ser desmantelado e transformado em sucata num estaleiro do porto turco de Aliaga, no mar Egeu.
O navio está contaminado com um indeterminado mas elevado número de toneladas de amianto, altamente cancerígeno e nocivo para o meio ambiente. Daí que as associações ambientalistas brasileiras tenham procurado impedir, sem sucesso, a saída do navio por ser contrária à lei internacional, pois nem o Brasil pode exportar produtos tóxicos, nem a Turquia os pode importar. Porém, no dia 4 de Agosto o São Paulo deixou o Rio de Janeiro a reboque do rebocador holandês Alp Centre e, nesta altura, está na área das ilhas Canárias a navegar em direcção ao estreito de Gibraltar. Entretanto, há dois dias, sob pressão das suas associações ambientalistas, mas também de muitas outras de diferentes países, as autoridades turcas revogaram a autorização de entrada do São Paulo nos seus portos.
Agora, como diz o Diario de Avisos, “una colossal montaña de material tóxico y radioactivo” navega entre as ilhas de Gran Canaria e Fuerteventura, “sin que conste finalmente cuál será su destino”. O jornal lançou o alarme nas ilhas Canárias. O navio foi uma glória da França, mas agora todos o rejeitam.

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