As autoridades
russas anunciaram a morte numa prisão siberiana de Alexei Navalny, um advogado
que foi líder da oposição russa e que ganhou notoriedade por organizar
protestos contra Vladimir Putin e o seu governo, denunciando a corrupção nas
estruturas estatais russas. Tendo sido objecto de uma tentativa de envenamento
em 2020, veio a ser tratado na Alemanha e, após a sua recuperação, teve a
coragem de regressar à Rússia, onde não ignorava que viria a ser perseguido, preso
e sujeito a severas condições prisionais. A sua morte não
surpreendeu ninguém, mas foi um duro golpe para aqueles que, no interior ou no
exterior, o consideravam o rosto da luta contra Putin e que anseiam pela
democratização da Rússia e pelo contributo russo para o apaziguamento
internacional. A imprensa europeia tratou a morte de Navalny como um
assassinato ordenado por Putin: “Putin must pay for Navalny murder” (The Daily Telegraph), “Navalny, omicidio
de Stato” (La Reppublica) ou “Alexei
Navalny, tué par Poutine” (Libération).
Porém, a imprensa americana é menos objectiva e não faz acusações, limitando-se
a anunciar a morte de Navalny, o adversário de Putin: “Top Putin critic Navalny
dies in prision (The Wall Street Journal),
“A sudden, predictable death for Alexei Navalny” (The Washington Post) ou “Navalny, thorn in Putin’s side, dies in
Artic prison” (The New York Times).
Independentemente
de se saber se a morte de Navalny foi acidental, promovida pelo regime de Putin
ou ordenada pelo próprio Putin, é necessário enquadrá-la na cultura da violência
política russa que vem desde Catarina II, a Grande, que em meados do século
XVIII terá mandado assassinar o imperador Pedro III, seu marido, para se
tornar na poderosa Imperatriz de Todas as Rússias.
Em quaisquer
circunstâncias, quem defende a democracia e a liberdade, mas também o fim da guerra na Ucrânia, só tem que se curvar
perante a memória de Alexei Navalny.
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