domingo, 18 de fevereiro de 2024

Em memória da luta de Alexei Navalny

As autoridades russas anunciaram a morte numa prisão siberiana de Alexei Navalny, um advogado que foi líder da oposição russa e que ganhou notoriedade por organizar protestos contra Vladimir Putin e o seu governo, denunciando a corrupção nas estruturas estatais russas. Tendo sido objecto de uma tentativa de envenamento em 2020, veio a ser tratado na Alemanha e, após a sua recuperação, teve a coragem de regressar à Rússia, onde não ignorava que viria a ser perseguido, preso e sujeito a severas condições prisionais. A sua morte não surpreendeu ninguém, mas foi um duro golpe para aqueles que, no interior ou no exterior, o consideravam o rosto da luta contra Putin e que anseiam pela democratização da Rússia e pelo contributo russo para o apaziguamento internacional. A imprensa europeia tratou a morte de Navalny como um assassinato ordenado por Putin: “Putin must pay for Navalny murder” (The Daily Telegraph), “Navalny, omicidio de Stato” (La Reppublica) ou “Alexei Navalny, tué par Poutine” (Libération). Porém, a imprensa americana é menos objectiva e não faz acusações, limitando-se a anunciar a morte de Navalny, o adversário de Putin: “Top Putin critic Navalny dies in prision (The Wall Street Journal), “A sudden, predictable death for Alexei Navalny” (The Washington Post) ou “Navalny, thorn in Putin’s side, dies in Artic prison” (The New York Times).
Independentemente de se saber se a morte de Navalny foi acidental, promovida pelo regime de Putin ou ordenada pelo próprio Putin, é necessário enquadrá-la na cultura da violência política russa que vem desde Catarina II, a Grande, que em meados do século XVIII terá mandado assassinar o imperador Pedro III, seu marido, para se tornar na poderosa Imperatriz de Todas as Rússias.
Em quaisquer circunstâncias, quem defende a democracia e a liberdade, mas também o fim da guerra na Ucrânia, só tem que se curvar perante a memória de Alexei Navalny.

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