Está patente no
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, a exposição Esplendores do Oriente - Jóias de
Ouro da Antiga Goa que
apresenta uma colecção de 392 peças de joalharia hindu e cristã dos séculos
XVIII e XIX. Estas peças estiveram guardadas em caixas e encerradas em cofres
durante 50 anos e essa é uma história que não pode ser dissociada do panorama
artístico e estético da exposição.
No dia 12 de Dezembro de 1961, perante a
iminente invasão de Goa pelas tropas indianas, que veio a acontecer poucos dias
depois, o gerente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Goa, Jorge Esteves
Anastácio, decidiu preservar um conjunto de bens guardados no banco, enviando-o
para Lisboa no paquete Índia da
Companhia Nacional de Navegação (CNN), que nessa data se encontrava em Mormugão. Essa
remessa de bens estava repartida por caixotes e caixas de toda a espécie, sendo
constituída por jóias depositadas por particulares, por apreensões de
contrabando e por cauções de pequenos empréstimos concedidos pelo BNU.
O
restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a Índia aconteceu
depois de 1974, mas só em 1991 foi feito um acordo entre o BNU e o State Bank
of India que permitiu que a maior parte do espólio trazido em 1961 fosse
devolvido ao Estado indiano, que recebeu cerca de meia tonelada de jóias que se
encontravam nos cofres, num gesto que então foi altamente elogiado na Índia. Entretanto
o BNU fundiu-se com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que herdou a parte
restante dessa remessa de jóias que, 50 anos depois, foi aberta e catalogada
por especialistas. Devido ao mau estado geral das peças, a CGD decidiu proceder ao seu restauro, fazendo depois a sua doação ao
MNAA que as integrou no seu acervo e que até 7 de Setembro as exibirá ao
público.
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