Alguns jornais de difusão internacional destacaram na corrente semana a
notícia da inauguração do novo palácio presidencial em Ancara, com comentários
mais ou menos escandalizados a respeito de tão gigantesco e polémico conjunto
de edifícios, que dispõem de mil quartos. Hoje, a edição do The
New York Times também tratou esse assunto e chamou-o à sua primeira
página com uma fotografia a cinco colunas, com críticas explícitas à megalomania do Presidente turco Recep Tayyip
Erdogan.
O novo palácio irá substituir o Palácio Presidencial de Çankaya, que
serviu de residência presidencial desde 1923, quando Mustafa Kemal
Atatürk fundou e passou a dirigir o moderno
Estado Turco, democrático e secular. Ocupando uma área de 300 mil metros
quadrados e com três blocos de edifícios, o novo palácio não só ultrapassa a
dimensão das residências oficiais dos Chefes de Estado da França, Grã-Bretanha,
Rússia e Estados Unidos, mas também o palácio do sultão de Brunei, registado no
Guinness World Records como o de
maior dimensão do mundo. Além disso, a descrição da sua sumptuosidade lembra-nos
os relatos que foram feitos sobre os palácios da Saddam Hussein e de Muammar
al-Kaddafi.
O novo palácio teve um custo estimado entre 300 milhões a 500
milhões de euros, que tem sido considerado exorbitante. A oposição turca tem criticado a desproporcionada dimensão
do palácio e tem levantado muitas suspeitas da existência de corrupção ligada
ao projecto, considerando o palácio como mais uma demonstração da megalomania e
das tendências autoritárias e de islamização de Erdogan. Porém, as críticas
também têm surgido de outros sectores sociais turcos, desde o sistema
financeiro aos ecologistas. Entretanto, Erdogan já
anunciou a intenção de construir o maior aeroporto do mundo em Istambul, além
de outros megaprojetos que têm merecido críticas. Com a Turquia candidata a
integrar a União Europeia e com a violência da guerra à vista das fronteiras turcas,
é caso para perguntar: o que faz correr Erdogan?
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