Numa iniciativa da UCCLA - União das
Cidades Capitais de Língua Portuguesa, teve início um programa comemorativo para
assinalar os 50 anos do encerramento da Casa dos Estudantes do Império (CEI), que
inclui várias iniciativas e se prolongará até Maio de 2015.
A CEI foi criada em
1944 pelo governo de Salazar com o objectivo de apoiar os estudantes brancos,
mestiços ou negros oriundos das colónias, mas também para os controlar através
da PIDE. As suas funções eram sobretudo de âmbito social, incluindo refeitório
e assistência médica, para além da promoção de actividades desportivas e
culturais. No entanto, a ideia fundadora que parecia reflectir sentimentos de
generosidade para com os estudantes das colónias que se encontravam em Portugal, tinha um acentuado
cunho político e era um instrumento destinado a afirmar a dimensão imperial de Portugal, na linha do que sucedera com a Exposição do Mundo Português realizada em 1940.
Apesar de
ser financiada pelo Estado português e de ter objectivos sociais, a CEI falhou
nos seus propósitos e acabou por ter um papel fundamental nas lutas
pela independência das colónias portuguesas, vindo a ser encerrada pelo governo em 1965. A progressiva politização da elite cultural africana ligada à
CEI tinha-se acentuado com as campanhas eleitorais da oposição democrática, com
o exemplo das lutas de libertação em diversos países africanos e, por fim, com
a intransigência salazarista relativamente à discussão das questões coloniais,
pelo que muitos desses jovens estudantes que passaram pelas instalações da CEI
em Lisboa e Coimbra, se tornaram líderes dos movimentos de libertação nacional
nas colónias portuguesas. É o caso de personalidades como Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Pedro Pires, Vasco Cabral,
Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santo, Luandino Vieira, Rui Mingas, Óscar
Monteiro, João Craveirinha, Joaquim Chissano, Miguel Trovoada, Francisco
Tenreiro, Pepetela e muitos outros intelectuais.
As celebrações
começaram esta semana em Coimbra e alguns jornais de língua portuguesa
noticiaram o seu início, mas o principal destaque do acontecimento foi dado
pelo Mutamba,
o suplemento da edição de ontem do semanário angolano Novo Jornal que, além de desenvolvida notícia, até
reproduziu a fotografia do edifício onde esteve instalada a CEI no Bairro do
Arco do Cego em Lisboa.
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