Macau é,
certamente, o maior símbolo da expansão marítima portuguesa do século XVI na
Ásia Oriental e as ruínas da antiga igreja jesuíta da Madre de Deus e do
convento de São Paulo são, porventura, o seu mais expressivo ex-libris. Essas
ruínas são o que resta desse conjunto arquitectónico barroco depois de um
incêndio acontecido em 1835, de que apenas se salvaram a fachada em granito da
igreja da Madre de Deus e a escadaria monumental. Essas ruínas são um exemplo
único da arquitectura barroca na China e localizam-se no centro histórico de
Macau e, desde 2005, fazem parte da Lista do Património Mundial da Unesco.
A fotografia das
chamadas ruínas de São Paulo ilustra a primeira página da edição de hoje do
jornal Tribuna de Macau, conhecido habitualmente como o jtm,
a propósito do Conselho do Património Cultural.
Acontece que a
manutenção, reparação ou reconstrução dos edifícios dos mais antigos bairros
macaenses se tem tornado um verdadeiro problema, em que se chocam os interesses
imobiliários, muitas vezes especulativos, com a política de preservação do
património cultural edificado. Aquele Conselho é o garante da salvaguarda desse
património, que deve assentar essencialmente no restauro dos
edifícios degradados e que se deve opor à sua demolição para reconstrução, embora aceite
algumas situações intermédias em que possam ser preservadas apenas as fachadas
dos edifícios.
O Conselho do
Património Cultural tem competências no que respeita à classificação dos
edifícios com interesse cultural de Macau e, por isso, é um alvo dos poderosos
interesses imobiliários locais. Porém, o Conselho tem fortes apoios na
instância política e a simples reprodução da imagem das ruinas de São Paulo na
sua edição de hoje, revela que também tem o apoio da imprensa local de língua
portuguesa. Nem podia ser de outra maneira...
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