Na minha já
distante juventude uma visita de um chefe de Estado estrangeiro a Portugal era
um grande acontecimento e eu lembro-me das visitas da Rainha Isabel II da
Grã-Bretanha (1957) e do Presidente Eisenhower dos Estados Unidos (1960), entre
outras visitas presidenciais feitas a Portugal nesse tempo. A televisão que
acabara de aparecer no nosso país mostrava imagens dos banquetes oficiais e dos
desfiles militares, enquanto os jornais e as estações radiofónicas dedicavam
grandes reportagens ao acontecimento. O povo saía à rua para ver passar a
caravana oficial, para apreciar as vistosas guardas de honra e para aplaudir o
dignitário, ao mesmo tempo que as crianças das escolas eram alinhadas nas
bermas dos percursos para agitar bandeiras.
Depois, com o
surgimento de uma nova ordem internacional marcada pelo progresso económico e
tecnológico, pela interdependência regional, pelo desanuviamento e pelo
interesse mútuo, as relações entre os Estados intensificaram-se e as visitas
presidenciais tornaram-se uma rotina e passaram a ter, quase sempre, objectivos
de natureza económica. Porque essas visitas se tornaram uma rotina na vida das
nações e, por vezes, duram poucas horas, quase deixaram de ser notícia.
Porém, a visita
oficial a Portugal ontem iniciada por Filipe Nyusi, o Presidente da República
de Moçambique, tem características especiais e é uma notícia importante,
destacada hoje no jornal moçambicano O País. Moçambique e Portugal falam
a mesma língua e partilharam um passado histórico comum, com altos e baixos
como todos os relacionamentos, mas seguramente que não há na Europa um país tão
moçambicano como Portugal, enquanto na costa oriental africana não há país tão
português como Moçambique.
Sem comentários:
Enviar um comentário