sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Se Donald e Xi falam, a confiança aumenta

A imprensa internacional de referência, incluindo a edição internacional do The New York Times, destaca hoje como notícia de primeira página o encontro havido na cidade sul-coreana de Busan entre Donald Trump e Xi Jinping.
Os dois presidentes não se encontravam desde há seis anos e este encontro de 90 minutos, que aconteceu após alguns meses de muita tensão entre os dois países devido às tarifas comerciais impostas por Donald Trump, foi muito positivo, até porque houve um trabalho preparatório feito por responsáveis americanos e chineses, que criou uma base de entendimento sobre as relações entre americanos e chineses e sobre temas estratégicos que interessam ao mundo.
Os dois líderes usaram um tom conciliatório e o encontro foi classificado como um sucesso, abrindo o caminho para terminar com a actual beligerância comercial e para a discussão de outros assuntos de interesse comum, como as exportações chinesas de terras raras e semicondutores, as exportações americanas de soja, as taxas portuárias em ambos os países, ou o controlo directo que os americanos desejam ter no seu território da actividade do TikTok, uma plataforma de vídeos curtos que é muito popular na Ásia e nos Estados Unidos. Porém, o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping não se terá esgotado nos temas económicos e terá abordado a questão de Taiwan e, provavelmente, o problema da Ucrânia. Mais importante que tudo o que foi discutido, é o reforço da confiança e a manutenção do diálogo entre o Xi e o Donald!
O encontro foi tão bem sucedido que o Donald deverá visitar oficialmente a China em 2026, devendo Xi retribuir a visita. Assim é que é. 
Entendam-se e deixem-se de guerras.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Melissa, uma “tempestade monstruosa”

A passagem devastadora do furacão Melissa pela Jamaica causou graves prejuízos, atravessou a ilha de Cuba com muita destruição e está a movimentar-se em direção às Bahamas.
É uma “tempestade monstruosa”, como se lhe refere a edição de hoje do diário nova-iorquino Daily News, pois atingiu a categoria 5, isto é, gerou ventos superiores a 252 quilómetros por hora na Jamaica, tendo sido a tempestade tropical mais forte e mais devastadora que atingiu a ilha na história moderna. A destruição provocada e o número de mortes ainda estão por apurar, tanto na Jamaica como na vizinha ilha da Hispaniola que é repartida por dois países: o Haiti e a República Dominicana.
Na passagem por Cuba, que aconteceu esta manhã, o furacão Melissa diminuiu a sua intensidade e passou à categoria 3, isto é, com ventos entre 178 e 208 quilómetros por hora, mas também provocou “danos significativos” e isolou cerca de 140 mil pessoas devido à subida do caudal de alguns rios.
Estes ciclones são gerados em águas tropicais quentes. No caso das Caraíbas chamam-se hurricanes ou furacões, sendo caracterizados por ventos muito fortes, chuvas intensas e elevação temporária do nível do mar, o que provoca muita destruição e inundações incontroláveis, deslizamento de terras nas encostas, telhados arrancados de prédios e palmeiras arrancadas.
As alterações climáticas que tornam os oceanos e a atmosfera mais quentes, fazem com que os furacões se tornem mais intensos e daí que os ventos provocados pelo furacão Melissa tenham atingido velocidades superiores às do furacão Katrina que, no ano de 2005, foi uma das piores tempestades da história dos Estados Unidos, devastando Nova Orleans e matando 1.392 pessoas. Porém, o número de mortos que vem sendo anunciado devido ao furacão Melissa é bem menor do que aquele que foi apurado há 20 anos com o furacão Katrina.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

EUA e Brasil, rumo ao desejado diálogo

Depois de alguma tensão que nos últimos meses se tem verificado entre os presidentes dos EUA e do Brasil, de que resultou a aplicação de elevadas taxas alfandegárias sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA, o encontro entre Donald Trump e Lula da Silva, ontem realizado em Kuala Lumpur, deve ser saudado porque “abre novos rumos à relação Brasil-EUA”, como hoje noticia o jornal Correio Brasiliense.
O mundo tornou-se muito interdependente e, cada vez mais, é uma aldeia global. Por isso, é bem natural que Donald Trump tivesse começado a perceber que as medidas tarifárias que tomou em relação a muitos países também penalizam os EUA e daí que venha “metendo a viola no saco”.
Segundo foi relatado pela imprensa, foi a primeira vez que os presidentes Trump e Lula da Silva se encontraram oficialmente para conversar sobre as tarifas impostas pelos EUA às exportações brasileiras. A reunião durou 50 minutos e ambos declararam que tinha sido um encontro muito positivo, para além de terem trocado alguns elogios recíprocos e confirmado que vai ser iniciado um processo negocial.
Embora o principal tema do encontro tivesse sido a negociação das tarifas impostas às exportações brasileiras, soube-se que a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro não foi discutida na reunião e que Lula da Silva se dispôs a ser um interlocutor no desejável diálogo entre os EUA e a Venezuela, de forma a encontrar soluções mutuamente aceitáveis para os dois países.
Naturalmente, este apaziguamento e este diálogo entre os EUA e o Brasil é relevante para os dois países, mas também é importante para a paz e a harmonia no mundo.

ASEAN acolhe Timor-Leste como membro

No dia 20 de Maio de 2002 foi declarada a independência da República Democrática de Timor-Leste, numa cerimónia realizada em Tasi Tolu, nos arredores de Dili, na qual estiveram presentes Kofi Annan, Secretário-Geral da Nações Unidas, Xanana Gusmão, o primeiro Presidente da nova República Democrática de Timor-Leste, Megawati Sukarnoputri, Presidente da Indonésia, Jorge Sampaio, Presidente da República Portuguesa e Bill Clinton, Presidente dos Estados Unidos, para além de delegações de mais de nove dezenas de países. O novo país foi de imediato acolhido na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) e foi reconhecido como observador na ASEAN (Association of Southeast Asian Nations), uma organização intergovernamental regional do sueste asiático, que promove a cooperação entre os seus membros, mas também a integração económica, política, militar, educativa e cultural entre os seus membros e outros países asiáticos.
No dia 4 de Março de 2011 o governo timorense apresentou oficialmente o seu pedido de adesão à ASEAN, mas a aceitação plena da sua integração só aconteceu ontem em Kuala Lumpur, durante a 47ª Cimeira da ASEAN. Para o mais jovem país do Sueste Asiático, a sua condição de 11º estado-membro da ASEAN é a concretização de uma vontade de afirmação no panorama internacional, pois passa a ter como parceiros o Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura, Tailândia e Vietname que, juntos, representam 680 milhões de habitantes.
Na “fotografia de família” que é publicada com destaque na edição de hoje do centenário diário filipino Manila Bulletin estão presentes 17 personalidades políticas, entre as quais Xanana Gusmão (primeiro-ministro de Timor-Leste), José Ramos-Horta (presidente de Timor-Leste), António Costa (presidente do Conselho Europeu) e António Guterres (secretário-geral das Nações Unidas).
Quem podia imaginar que na Cimeira da ASEAN estivessem quatro individualidades cuja língua-mãe é o português!

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

R.I.P. Francisco Pinto Balsemão

Com 88 anos de idade faleceu Francisco Pinto Balsemão, uma das mais importantes figuras da democracia portuguesa, pois foi um dos fundadores do PPD/PSD e exerceu as funções de primeiro-ministro de Portugal entre Janeiro de 1981 e Junho de 1983, quando sucedeu a Sá Carneiro após o desastre de Camarate. Porém, para além de ter sido um político de grande destaque, Francisco Pinto Balsemão também foi jornalista e empresário da comunicação social. Começou por trabalhar no Diário Popular e, em 1973, foi o criador do semanário Expresso, que desde logo se afirmou como uma referência na imprensa portuguesa e um inspirador de uma nova sociedade que se vinha desenhando desde as eleições legislativas de 1969.
Nessas eleições, acontecidas já nos últimos anos do Estado Novo, o marcelismo tinha mostrado alguma abertura ao rígido e monolítico regime herdado de Salazar e aceitara a constituição de uma Ala Liberal na Assembleia Nacional, de que fizeram parte como deputados os jovens Pinto Balsemão, Sá Carneiro, Miller Guerra, Pinto Leite, Magalhães Mota e Mota Amaral, entre outros, que se afirmaram numa linha política que já reclamava a democracia. Por isso, o dia 25 de Abril de 1974 foi vivamente saudado pelos homens da Ala Liberal, num tempo em que as outras referências da democracia portuguesa ainda estavam ausentes do país, pelo que uma das suas primeiras iniciativas foi exactamente a criação do PPD/PSD.
Em 1987, já afastado da política activa apesar de continuar a ser uma referência do seu partido, Francisco Pinto Balsemão criou a SIC, um projecto televisivo de grande sucesso e, nesse mesmo ano, teve a iniciativa da criação do Prémio Pessoa, um prémio atribuído anualmente a pessoas de nacionalidade portuguesa que durante esse período, e na sequência de atividade anterior, se tenham distinguido como protagonistas na vida científica, artística ou literária.
Eu nunca conheci Francisco Pinto Balsemão, mas é unânime o elogio à sua personalidade, aos seus ideais democráticos e à sua obra inovadora.
Em 2011 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A ponte romana de Alcântara e nova ponte

A Ponte Romana de Alcântara que atravessa o rio Tejo na província de Cáceres, próximo da fronteira portuguesa, foi construída no ano 106 por ordem do imperador Trajano e com traço do arquitecto Caio Júlio Lacer. Durante dois mil anos, esta ponte que tem 194 metros de comprimento e cujo tabuleiro assenta sobre seis arcos assimétricos apoiados em cinco pilares com diferentes alturas sobre o terreno, serviu as populações fronteiriças. Porém, com a intensificação do tráfego rodoviário que se tem verificado nos últimos anos, surgiu a necessidade de construir uma alternativa que aliviasse a pressão e o desgate da milenária ponte romana de Alcântara e que permitisse melhorar a sua conservação. Assim surgiu o viaducto del Embalse de Alcántara, uma ponte em arco com cerca de 270 metros de comprimento que, para além de evitar o desgaste da ponte romana, também vai permitir a circulação da linha ferroviária de alta velocidade Madrid-Extremadura, que atravessa a albufeira de Alcântara e o curso do rio Tejo.
O jornal el Periódico de Extremadura que se publica em Cáceres, fez uma desenvolvida reportagem da inauguração desta infraestrutura que aconteceu recentemente, tendo a presidente do governo autónomo da Extremadura afirmado que estão em curso os trâmites para solicitar à UNESCO a classificação da ponte romana de Alcântara como Património Cultural da Humanidade, para juntar aos 44 sítios já classificados em Espanha.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

A “implosão francesa” e o roubo do Louvre

A revista semanal francesa Le Nouvel Observateur, vulgarmente conhecida como Le Nouvel Obs, é a revista de informação de maior circulação em França, tem uma linha editorial moderada e centrista, sendo considerada “a revista dos intelectuais franceses”. Na sua última edição tem como tema de destaque “a implosão francesa” e uma fotografia do presidente Emmanuel Macron entristecido, preocupado e envelhecido. De facto, a França que é a segunda maior economia da União Europeia (EU), está a viver uma profunda crise económica, social e política.
No aspecto económico o país tende para a estagnação, com a dívida pública a ultrapassar os 114% do produto interno bruto (PIB), sendo superada apenas pela Grécia e pela Itália. O seu défice orçamental é da ordem dos 5,5%, que é o mais elevado da EU. Para atingir a meta dos 3% exigida pelas regras comunitárias é necessário economizar muito, mas isso não é viável, nem politica nem socialmente, o que faz com que os mercados financeiros aumentem as suas taxas de risco sobre os títulos da dívida pública francesa e a espiral da dívida ameace o horizonte dos franceses.
Paralelamente e segundo relata a imprensa, a situação das famílias continua a deteriorar-se, com as desigualdades a aumentar, a pobreza a progredir e os salários a estagnar, o que torna insustentável o descontentamento popular e a pressão nas ruas.
Esta crise está na origem do impasse político e, neste seu último mandato, desde Maio de 2022, Macron já teve cinco primeiros-ministros, todos eles incapazes de aprovar as medidas de austeridade necessárias.
Para agravar esta situação e porque “uma desgraça nunca vem só” o emblemático Museu do Louvre foi assaltado, tendo sido roubadas oito jóias de valor incalculável, incluindo a coroa da imperatriz Eugénia, esposa de Napoleão III, constituída por 1.354 diamantes e 56 esmeraldas.
A esta hora, Emmanuel Macron estará a pensar no que de mais lhe irá acontecer.

sábado, 18 de outubro de 2025

A reconciliação nacional em Angola

Aproxima-se a data em que a República de Angola celebra os 50 anos da sua independência, que aconteceu depois de cerca de 13 anos de luta de libertação nacional contra o colonialismo português, na qual os movimentos que combateram as tropas portuguesas eram o MPLA dirigido por Agostinho Neto, a FNLA dirigida por Holden Roberto e a UNITA dirigida por Jonas Savimbi.
Estes três movimentos tinham origens diferentes e eram rivais, não tinham implantação nacional e tinham ideários e apoios internacionais distintos, pelo que algumas vezes se combateram entre si, o que acabou por auxiliar indirectamente as tropas portugueses. Porém, como se verificou com o movimento do 25 de Abril, o problema de Angola era político e não militar, pelo que em face da pressão interna e internacional, o Estado Português se limitou a reconhecer o direito à autodeterminação e independência de Angola. Porém, durante o período de transição da soberania, os três movimentos de libertação combateram-se intensamente, mas foi possível chegar aos Acordos do Alvor assinados no dia 28 de Janeiro de 1975 entre o Estado Português e os três movimentos de libertação, em que era aceite que o governo de Angola seria exercido por um Alto-comissário português em conjunto com representantes de cada movimento. As rivalidades acentuaram-se e à guerra de libertação nacional, sucedeu-se a guerra civil que durou até 2002 e terminou com a vitória do MPLA. Os derrotados foram proscritos mas, lentamente, tanto a FNLA como a UNITA foram integrados na democracia angolana.
Com a aproximação da festa dos 50 anos da independência e de acordo com o jornal O País, o presidente João Lourenço decidiu condecorar a título póstumo os homens que assinaram os Acordos do Alvor, num gesto de reconciliação nacional que vence muitos tabus da história recente de Angola e está em linha com a verdade histórica.
O progresso e o futuro dos 35 milhões de angolanos também passa por este tipo de medidas.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

É preciso acabar com a guerra na Ucrânia

A notícia foi dada ontem depois de “uma longa chamada telefónica” entre ambos e, na sua edição de hoje, o jornal The Independent confirma que Donald Trump e Vladimir Putin se vão encontrar brevemente em Budapeste, para uma segunda cimeira sobre a guerra na Ucrânia, depois de se terem encontrado no Alaska no dia 16 de Agosto.
O encontro directo e presencial entre os homens que comandam as duas principais potências nucleares do nosso planeta é sempre positivo, embora na agenda destes encontros esteja apenas o problema da Ucrânia.
Há dois meses a reunião entre Trump e Putin foi cordial, mas inconclusiva. A pretensão russa para que fosse reconhecida a anexação dos territórios ucranianos ocupados não foi aceite e, para além disso, os Estados Unidos deram o seu apoio ao ataque ucraniano às infraestruturas energéticas russas. Não se sabe como evoluíram as visões de Trump e de Putin sobre o conflito e que cedências estão as partes dispostas a fazer. Porém, haverá mais de um milhão de baixas dos dois lados, há milhões de ucranianos afectados pela guerra, há uma enorme destruição do património construído e parece haver um impasse na linha da frente. O apoio à Ucrânia de Zelensky está a ser um pesado fardo para os seus amigos ocidentais e Donald Trump, com o apoio de Ursula von der Leyen e de Mark Rutte, já enviou essa factura aos europeus para que a paguem.
Os líderes europeus que deveriam ter sido os intermediários e os moderadores desta crise, foram incompetentes, desastrados e convenceram Zelensky que podia ganhar. Erraram, tornaram-se actores secundários e, agora, são simples espectadores.
Trump disse várias vezes que “essa guerra nunca teria começado se fosse presidente” e Putin confirmou que “se Trump fosse presidente em 2022 não haveria guerra na Ucrânia”. 
É a altura de resolverem este imbróglio.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Venezuela: Maduro está na mira de Trump

Os principais jornais brasileiros – Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo – destacaram em manchete nas suas edições de hoje a mesma notícia, ao informarem que Donald Trump autorizou uma acção secreta da CIA na Venezuela para derrubar Nicolas Maduro e que, além disso, estava a considerar a hipótese de atacar alvos terrestres no interior do território venezuelano.
É bem conhecida a hostilidade entre os Estados Unidos e o regime autoritário de Nicolas Maduro, que se agravou desde que Donald Trump chegou à Casa Branca. Nas últimas semanas, a pretexto de combaterem na fonte as redes de narcotráfico que abastecem os Estados Unidos, os americanos posicionaram vários navios de guerra nas proximidades das águas territoriais venezuelanas, afundaram várias embarcações alegadamente envolvidas no narcotráfico e puseram os seus bombardeiros a sobrevoar o território venezuelano. Agora, Donald Trump autorizou a CIA a operar secretamente na Venezuela, afirmando que “agora estamos pensando em terra, porque já temos o mar sob controlo” e que “estava considerando atacar alvos terrestres dentro do território venezuelano”.
Todos os sinais apontam para a realização de uma grande operação militar das tropas americanas com o objectivo de derrubar o regime de Nicolas Maduro, provavelmente através de ataques aéreos a alvos importantes para desarticular o quotidiano dos venezuelanos, a que se seguirá uma revolta popular apoiada na força militar. Dizem os analistas que não está claro o que os americanos estão a planear, mas que “estamos na iminência de um ataque em larga escala e que, a ser assim, “será a primeira vez que os Estados Unidos atacam militarmente um país da América do Sul”.
Se uma intervenção destas se concretizar, será uma grosseira violação do Direito Internacional, Trump revela-se igual a Putin e o Prémio Nobel da Paz nunca será para ele. 

Cabo Verde está no FIFA World Cup 2026

A República de Cabo Verde, ou simplesmente Cabo Verde, tem o seu território com cerca de quatro mil quilómetros quadrados de superfície repartido por dez ilhas atlânticas e nele vivem cerca de 500 mil pessoas, embora outras tantas vivam em comunidades fora do país, sobretudo Portugal, Estados Unidos, França, Holanda, Luxemburgo, Angola e Senegal.
Diz-se que os brasileiros são nossos irmãos e que os espanhóis são nuestros hermanos, mas nessa perspectiva os cabo-verdianos são mais do que isso porque, como alguém classificou, eles são os portugueses dos trópicos.
Independente desde 1975 depois de seis séculos de história em comum, a pátria de Amílcar Cabral, Cesárea Évora, Corsino Fortes, Germano de Almeida, Pedro Pires e Tito Paris, mas de tantos outros ilustres cabo-verdianos, tem-se afirmado como um dos mais estáveis países do continente africano. Do ponto de vista cultural, o país que o mundo conhece pela sua musicalidade, é uma conjugação harmoniosa de elementos europeus e africanos, incluindo a língua portuguesa, as práticas religiosas, o estilo de vida, a música, a gastronomia e… o futebol.
E o futebol está na ordem do dia. Na passada segunda-feira a selecção cabo-verdiana de futebol venceu por 3-0 a selecção de Essuatíni (antiga Suazilândia) e garantiu a presença no Mundial de Futebol de 2026. O entusiasmo foi enorme, como se viu nas imagens televisivas, mas o semanário Expresso das Ilhas saudou especialmente este “sonho” que une as dez ilhas cabo-verdianas.
Quando, no dia 11 de Junho de 2026, começar o FIFA World Cup 2026, que pela primeira vez incluirá 48 equipas e se disputará no Canadá, Estados Unidos e México, aqui em Portugal não faltarão adeptos à selecção de Cabo Verde. 
Bravo!

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Que cessar-fogo e paz cheguem à Ucrânia

O entusiasmo que provocou o cessar-fogo em Gaza e o mérito que tem sido atribuído a Donald Trump por ter promovido as negociações entre os beligerantes e os seus aliados, desperta em muita gente o desejo de que a mesma receita seja aplicada ao conflito da Ucrânia, embora eles sejam diferentes. O conflito de Gaza tem as características de um embate civilizacional entre dois mundos que se têm hostilizado desde sempre, enquanto o conflito da Ucrânia tem muitas características de uma guerra civil que está a acontecer como cortina de uma confrontação entre dois blocos político-militares, que parecem querer reacender o clima da Guerra Fria. Porém, a História mostra-nos que todas as guerras tiveram sempre um fim e, por isso, também na Ucrânia há que esperar um fim. 
Segundo a edição de ontem do The Daily Telegraph, o presidente Donald Trump declarou que “vamos acabar com a guerra na Ucrânia”, embora também tivesse declarado que “é amigo de Putin e “que vai falar com ele”, mas que “Putin” não quer acabar com a guerra”.
Enquanto isto, alguma imprensa tem noticiado que a fórmula de Donald Trump para a paz na Ucrânia passa por “menos negociações e mais armas” que os Estados Unidos venderão à NATO e que serão pagas pelos países europeus, nelas se incluindo os potentes mísseis de cruzeiro Tomahawk que, a serem utilizados, significam um agravamento da situação. Porém, os tempos na Europa não estão nada fáceis para ajudar a Ucrânia, porque a crise está no horizonte e os europeus não aceitam perder as suas conquistas sociais para pagar armas fabricadas pelos americanos, além de que a França está ameaçada de ingovernabilidade e de haver greves gerais anunciadas na Bélgica, Grécia, Itália, Espanha e Lituânia.
Realmente é tempo de acabar com a guerra. As reivindicações das partes são conhecidas. É tempo de negociar e de acabar com a ideia de que alguém sairá vencedor desta guerra. É tempo de calar os que querem a guerra e de dar voz aos que querem a paz. Assim, o que disse Donald Trump, é um bom ponto de partida: “let’s end Ukraine war”.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

O dia do acordo de cessar-fogo em Gaza

Na cidade egípcia de Sharm El-Sheik aconteceu ontem o que muitos afirmavam ser o impossível, pois foi assinado um acordo de cessar-fogo para o território de Gaza, embora as partes directamente envolvidas no conflito – Israel e o Hamas – não tivessem estado presentes.
O estratega deste acordo foi Donald Trump que, talvez pela primeira vez no seu mandato, recebeu o inequívoco e merecido elogio do mundo. O documento foi assinado pelo próprio Trump e pelos presidentes Abdul al-Sisi (Egipto) e Recep Tayyip Erdogan (Turquia), além do emir Tamim bin Hamad Al Thani (Catar), que actuaram neste processo como mediadores. Simultaneamente, o Hamas procedeu à libertação dos últimos vinte reféns vivos que estavam sequestrados há mais de dois anos, enquanto as autoridades de Israel libertaram cerca de dois mil prisioneiros palestinianos, incluindo 250 que tinham sido condenados a prisão perpétua.

Ontem, todas as estações televisivas concederam alargados espaços à cerimónia de Sharm El-Sheik, a que assistiram duas dezenas de líderes mundiais, numa operação de marketing que serviu para alimentar a vaidade pessoal e a ambição de Donald Trump para se tornar o guia do mundo, mas também o próximo laureado com o Prémio Nobel da Paz, um galardão com que tanto sonha.

Hoje, toda a imprensa mundial deu particular destaque aos “dois anos de tormento” dos vinte reféns que foram libertados pelo Hamas, assim acontecendo com o jornal londrino The Times, mas essa mesma imprensa quase ignorou os “dois anos de massacre”, os 67 mil mortos e a destruição pelas bombas israelitas do território de Gaza.

Esta foi a primeira fase do acordo de cessar-fogo, mas a segunda fase vai começar com a discussão sobre o futuro governo e a reconstrução de Gaza, mas parece evidente que os interesses palestinianos precisam de ser mais protegidos, pois não pode haver dois pesos e duas medidas para que a paz no Médio Oriente seja uma realidade.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Espanha ameaçada com expulsão da NATO

Quando em Janeiro deste ano Donald Trump chegou à Casa Branca com a sua divisa Make America Great Again, os vectores da sua acção governativa centraram-se na economia, que é o motor que gera os empregos, os salários e todos os outros rendimentos que alimentam materialmente o American Way of Life e conquistam o eleitorado.
Esta filosofia política do presidente Donald é alimentada pela sua própria personalidade narcisista e pela sua condição de empresário de sucesso, que faz com que trate todos os assuntos internos e internacionais americanos como um negócio. Assim, imagina-se que as decisões do presidente não assentam no direito internacional, na diplomacia, na política, ou na cultura, mas resultam apenas de análises custo-benefício, ou por outras palavras, na ponderação dos milhões que poderão ser facturados.
Nesse contexto, a ideia de pressionar os países da NATO para aumentar a despesa em Defesa, passando-a de 2% para 5% do PIB, embora seja enquadrada pela potencial ameaça russa ao flanco Leste dos países da NATO, é um objectivo para os Estados Unidos como forma de dinamizar as suas indústrias de Defesa. O caso do avião Lockheed Martin F-35, cujo custo unitário é superior a 100 milhões de dólares e cuja produção emprega 146.000 pessoas, é o símbolo maior da necessidade americana de vender material de guerra, que é o que pretende Donald Trump.
Lembremos a famosa cena de sabujice desse lambe-botas que é Mark Rutte, o secretário-geral da NATO, quando disse para Trump e em directo na televisão, que “a Europa vai pagar em grande, como deve, e vai ser uma vitória sua”.
Hoje, o jornal espanhol El Mundo dá a notícia: ignorando que a Espanha é um país soberano, Donald Trump veio exigir que eleve os seus gastos militares para 5% do PIB e sugeriu a sua expulsão da NATO, se não cumprir com esse diktat. Simplesmente inacreditável, talvez mesmo ridículo.
O Donald é mesmo um grande fanfarrão!

A paz em Gaza que todo o mundo deseja

Finalmente, parece que todas as partes, directa ou indirectamente envolvidas na guerra de Gaza, chegaram a um acordo de cessar-fogo e abriram um caminho para a paz que vai ser muito difícil, porque a conflitualidade israelo-palestina tem raízes muito antigas e muito profundas.
Porém, o passo dado é muito animador e todo o mundo o saúda com algum alívio. Estava a ser “uma loucura de guerra” como diz hoje o jornal ABC, um cruel genocídio e uma destruição que só lembrava Hiroshima.
Para haver paz, não pode haver vencedores nem vencidos, em nome da dignidade dos povos e do futuro. A maioria dos palestinianos e dos israelitas não concorda com os extremismos de Netanyahu, nem com os do Hamas e, por isso, ambos festejam com alegria porque não quiseram a guerra e querem a paz, o progresso, a tolerância e o bem-estar para as suas comunidades e para as suas famílias.
Num balanço muito simples, os israelitas perderam 1.200 pessoas no ataque do Hamas de 7 de Outubro de 2023, mas os palestinianos perderam 67.000 pessoas durante os dois anos em que o seu território foi massacrado. Agora o mundo respira e espera que os arquitectos do cessar-fogo sejam também os arquitectos da paz e de um futuro melhor para o Médio Oriente, onde os estados de Israel e da Palestina possam coabitar, progredir e cooperar pacificamente para a felicidade das suas populações.
É um caminho difícil mas é o que tem que ser percorrido com equilíbrio e firmeza.
Nestas últimas horas, as nossas televisões encheram-se de comentadores e de especialistas, mas enquanto alguns se moderam e elogiam o cessar-fogo e a paz que se aproxima, ainda aparecem alguns amigos de Netanyahu, que continuam agarrados à sua lógica belicista e destruidora, afirmando com arrogância que Israel ganhou esta guerra. São víboras disfarçadas de comentadores que não deviam ter espaços televisivos. Como dizia a minha santa Mãe: raios os partam...

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Cristiano Ronaldo, futebolista-milionário

O mundo anda muito confuso e os meios de comunicação social estão a contribuir para essa confusão, através da crescente desinformação com que enganam os leitores, os ouvintes, os telespectadores e os internautas. Um bom exemplo dessa realidade foi-nos dada na edição de hoje do secular Corriere della Sera, que é um jornal generalista que se publica em Milão e que, em vez de destacar o cessar-fogo e a paz que estão a ser negociadas para o conflito de Gaza, ou a situação complexa que se vive na Ucrânia, ou a crise política francesa que está a deixar o Emmanuel Macron desorientado, escolheu para tema central da sua primeira página o futebolista Cristiano Ronaldo, apenas porque “bateu mais um record” e é um homem endinheirado. 
Aos 40 anos de idade, Cristiano Ronaldo atingiu um marco inédito no futebol mundial pois tornou-se o primeiro jogador da história a acumular um património milionário. Segundo a análise da agência Bloomberg, este património resultou da sua passagem por clubes de futebol muito ricos, como o Manchester United, o Real Madrid e a Juventus, que depois foi aumentado numa escala meteórica quando assinou um contrato milionário com o Al-Nassr, da Arábia Saudita. A somar a estas contratações futebolísticas, o jogador ainda manteve, ou mantém, parcerias de patrocínio comercial com marcas como a Nike, a Armani e outras, além ter vários negócios com a sua marca CR7 na área da hotelaria, da moda e dos serviços. Com tudo isto, a Bloomberg estima que Cristiano Ronaldo tenha um património líquido da ordem dos 1,4 mil milhões de dólares, isto é, quase 1,2 mil milhões de euros.
O elogio futebolístico de Cristiano Ronaldo está feito e todos os seus muitos recordes são conhecidos. Ele é um campeão. Porém, admira como um jornal respeitável como o Corriere della Sera se deixe deslumbrar com os milhões que são pagos a um futebolista e traga esse assunto para a sua primeira página. O poder do dinheiro. Sinais dos tempos…

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Angola quer atrair turismo internacional

Depois de muitos anos de guerra intensa, parece que Angola está a seguir um firme rumo de progresso económico e social, embora essas situações não sejam lineares e, por vezes, conduzam a maiores desequilíbrios do que seria desejável. Daí tem resultado um crescente prestígio internacional do estado de Angola, reconhecível na diplomacia, no desporto e na cultura, mas também uma evidente procura de novos eixos de desenvolvimento em sectores económicos, como por exemplo o turismo.
Nesse sentido, a recente realização da Bolsa Internacional do Turismo em Angola, a BITUR 2025, constituiu uma oportunidade para o governo anunciar que o turismo é uma área estratégica para o desenvolvimento angolano, que está aberto a essa realidade e que conta com os operadores turísticos para melhorar e fortalecer este sector da economia nacional. O representante governamental presente na BITUR 2025 anunciou algumas medidas para intensificar a formação profissional nos sectores turístico e hoteleiro, pediu que fossem identificadas áreas atractivas para o turismo e que fossem criados roteiros turísticos inovadores, em linha com a procura internacional. Apelou, ainda, à divulgação do grande potencial turístico de Angola e pediu que as necessidades do sector fossem apresentadas ao governo.
A edição de hoje do jornal O País destacou o discurso governamental sobre o turismo e ilustrou a sua primeira página com um dos maiores ex-libris do turismo angolano: as quedas de Calandula, situadas na província de Malange e no leito rio Lucala, que é afluente do rio Quanza. São as maiores quedas de água de África com 410 metros de comprimento e 105 metros de altura e, até 1975, eram conhecidas como as Quedas do Duque de Bragança. Localizam-se a 420 km de Luanda...

Basta de violência! Haja lugar para a paz!

Perfazem-se hoje dois anos sobre o ataque de 7 de outubro de 2023, em que o Hamas invadiu o território de Israel e assassinou de forma violenta e indiscriminada mais de 1200 pessoas, além de ter sequestrado mais de 250.
Muitas vozes se ouviram então para dizer o óbvio, isto é, que Israel tinha o direito de se defender, mas Benjamin Netanyahu, apoiando-se na ampla solidariedade internacional, logo afirmou que queria ir mais longe e que iria arrasar Gaza. Desde então, uma ofensiva militar já causou mais de 60 mil mortos e destruiu a maior parte do património construído em Gaza, o que é uma vingança desproporcionada e demasiado cruel para uma população indefesa e que, em última instância, até pode não ser apoiante do Hamas. Netanyahu, que tem um mandato de captura emitido pelo TPI e que internamente é acusado de corrupção, tem reafirmado a sua vontade de ocupar todo o território de Gaza, exterminar o Hamas e a resistência palestiniana e, ainda, levar a população a abandonar o território. Dessa forma, pretende alargar o território de Israel e, em associação com o empresário Donald Trump, construir a Riviera do Mediterrâneo Oriental.
Lentamente, o mundo tem acordado para o genocídio que o extremista Netanyahu está a conduzir em Gaza e, recentemente, vários países como o Reino Unido, a França, o Canadá, a Austrália e Portugal reconheceram o Estado da Palestina, mas até esse acto justo e simbólico, foi classificado por alguns imbecis como um prémio ao terrorismo. Nas grandes cidades europeias muitos milhares de manifestantes vêm condenando a injustificada e cruel violência com que os extremistas israelitas continuam a massacrar o povo palestiniano em Gaza, mas volta a falar-se de paz. Nós desejamos a paz.
Hoje o jornal catalão El Punt Avui+ refere o “longo pesadelo” e diz que “dois anos após os ataques do Hamas e a retaliação israelita, a região enfrenta um futuro repleto de incertezas”.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Os políticos mandam e as tropas obedecem

O presidente Donald Trump e o seu secretário da Guerra, Pete Hegseth, reuniram anteontem na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, na Virgínia, com algumas centenas de generais e almirantes, que vieram de todo o mundo. Segundo a edição de ontem do jornal The Washington Postpara “transportar e hospedar os líderes militares de lugares tão distantes quanto o Japão, o Médio Oriente e a Europa provavelmente custará milhões de dólares”, para um encontro incomum que foi organizado à pressa e se tornou num fórum para o presidente e o seu secretário de Defesa divulgarem a sua agenda partidária.
As normas que desde há muito tempo norteiam as Forças Armadas americanas e da generalidade dos países democráticos para que se mantenham fora da política partidária, foram desrespeitadas como nunca acontecera nos Estados Unidos. Segundo o The Washington Post, os longos comentários de Donald Trump foram ao ponto de afirmar que “se os presentes não gostassem do que ele tinha a dizer, poderiam sair da sala”, mas "lá se vai a sua patente, lá se vai o seu futuro". Na sua intervenção em que usou uma linguagem grosseira e muito inflamada, Pete Hegseth prometeu tornar as Forças Armadas americanas "mais fortes, mais resistentes, mais rápidas, mais ferozes e mais poderosas do que nunca", tendo insistido na necessidade dos altos escalões militares imporem padrões de aptidão física, de higiene e de disciplina aos seus subordinados, como se tivessem que ser rambos ao estilo americano.
Hegseth disse, também, que irá reformular os canais que as tropas e os funcionários civis têm à sua disposição para registar denúncias anónimas e lideranças tóxicas, ou apontar tratamento desigual com base em raça, género, orientação sexual ou religião, isto é, vai tornar as Forças Armadas americanas um campo de denunciantes. Ele também condenou as "tropas gordas", incluindo "os generais e almirantes gordos que circulam nos corredores do Pentágono", dizendo que isso representa uma má imagem. Todos, disse ele, “serão obrigados a passar por um teste de aptidão física e atender aos requisitos de altura e peso duas vezes por ano a partir de agora”.
Os generais e os almirantes, todos com décadas de experiência militar, ouviram em silêncio os discursos altamente partidários e muito insultuosos do presidente e do seu secretário da Guerra, mas este é o preocupante estado a que estamos a chegar com os militares da mais poderosa nação do mundo a tornarem-se incondicionalmente obedientes a um poder político que, dia a dia e sob as ordens de Donald Trump, vai se vai afastando da Democracia.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Um plano de paz com pernas para andar?

Donald Trump apresentou em Washington o seu plano em 21 pontos para acabar com a guerra em Gaza, que inclui o cessar-fogo, a troca dos reféns israelitas em poder do Hamas por algumas centenas de prisioneiros palestinianos, o desarmamento do Hamas e a instauração de um governo palestiniano temporário, a ser supervisionado por um “Conselho de Paz” internacional liderado por Donald Trump, com participação de figuras como Tony Blair, que ficará responsável pela administração de Gaza até que a Autoridade Palestiniana complete um programa de reformas. Será criada uma força internacional de estabilização temporária, a qual será imediatamente mobilizada para Gaza para garantir a sua segurança, havendo a retirada gradual das tropas israelitas.
Diz a imprensa que este plano foi acolhido favoravelmente por numerosos países, tanto na Europa como no mundo árabe, mas que também tem o apoio do Secretário-geral da ONU e do Papa Leão XIV, que vê este plano com satisfação e com esperança. Agora, falta apenas o apoio do Hamas e a superação das divisões internas israelitas.
Porém, depois de tanta crueldade e de tanto morticínio no terreno, mas também de avanços e de recuos na tentativa de chegar a um cessar-fogo, o plano agora assinado por Donald Trump e Benjamin Netanyahu, a quem Trump trata carinhosamente por Bibi, obriga qualquer pessoa a ter reservas, porque é difícil acreditar que a intenção de fazer de Gaza a Riviera do Mediterrâneo Oriental tenha sido descartada e que o direito dos palestinianos a viver na sua terra esteja agora a ser respeitado. Daí que, na sua edição de hoje, o jornal francês La Dépêche du Midi pergunte se “le plan Trump peut-il marcher”.
Na verdade, ninguém conhece as verdadeiras intenções de Trump e de Netanyahu em relação ao futuro da Palestina, não deixando de ser curioso que, segundo também refere a imprensa, "Trump considera insultuoso para os Estados Unidos se não receber o Nobel da Paz", o que pode significar que este plano chamado “Plano Abrangente para Acabar com o Conflito de Gaza” se destina a impressionar o Comité Nobel Norueguês, que é designado pelo Parlamento da Noruega e que atribui o prémio que Donald Trump tanto deseja. Seria demasiada hipocrisia e ninguém pode imaginar que possa ser uma coisas destas...