quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sarkozy ou o pequeno falcão europeu

A guerra que ocorre na Líbia desde há alguns meses, tem sido um mau exemplo de unidade dos europeus, tal como já tinha acontecido há vinte anos com a guerra na antiga Jugoslávia, porque alguns países decidiram actuar sem um prévio consenso e à margem dos seus parceiros comunitários.
Então, alguns deles, intervieram na lógica do seu próprio interesse nacional, apoiando e armando os independentistas croatas, ou os separatistas da Krajina ou, ainda, as facções muçulmanas da Bósnia e do Kosovo. Cada qual fez o que quis.
Agora, na sequência da Resolução 1973 (2011) de 17 de Março do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que criou uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e que autorizou todas as medidas necessárias para proteger os civis sob a ameaça dos ataques governamentais, volta a aparecer um cenário de divisionismo e egoísmo europeus que nos recorda a guerra na ex-Jugoslávia. À sombra da NATO, cada qual está a fazer o que quer.
Indiferente às abstenções do Brasil, China, Alemanha, Índia e Federação Russa àquela Resolução, a França tornou-se o pequeno falcão europeu com os seus bombardeamentos aéreos e o fornecimento de armamento aos rebeldes líbios, em que se incluem munições, metralhadoras, lança-rockets e mísseis anti-tanque.
Nos Estados Unidos, a Câmara dos Representantes já “chumbou” a participação americana na guerra da Líbia, enquanto as críticas da China e da Rússia aumentam, por considerarem que se está a ir para além da Resolução da ONU. Ângela Merkel apenas pensa nos dinheiros que tem na Grécia. A ajuda francesa aos rebeldes que lutam contra o regime de Kadhafi veio mostrar que Sarkozi abandonou o seu velho amigo (e financiador?) e está a tornar-se o pequeno falcão europeu.
Faz-lhe jeito o petróleo, certamente.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um novo top de Paula Rego

Looking back, um quadro de Paula Rego, foi licitado num leilão realizado ontem na Christie's, em Londres, tornando-se o quadro da autora que até agora atingiu um valor mais elevado no mercado leiloeiro.
Enquanto num leilão organizado em 2008 pela leiloeira Sotheby's, o quadro Baying, de 1994, foi arrematado por 558 mil libras (740 mil euros no câmbio da altura), o leilão ontem realizado pela Christie's para Looking Back, de 1987, teve uma licitação final de 769 250 libras (866 175 euros).
Com esta venda, Paula Rego reforçou a sua posição no restrito número de autores portugueses contemporâneos com cotação no mercado internacional da arte que, aparentemente, continua a ter em Maria Helena Vieira da Silva o seu mais apreciado ícone. Recorde-se que em Junho de 2010 em Paris, a leiloeira Sotheby’s, vendeu o seu quadro Inverno, de 1960, por 1 095 150 euros.
Paula Rego vive em Londres mas expõe regularmente em Portugal, destacando-se as exposições realizadas na Fundação Gulbenkian e no Centro Cultural de Belém, para além da grande exposição organizada em 2005 pelo Museu de Serralves, que teve 160 mil visitantes. Actualmente a sua obra pode ser vista na exposição permanente do Museu Casa das Histórias, em Cascais, e ocasionalmente no Centro de Arte Manuel Brito, em Algés, além de estar representada nas exposições permanentes de vários museus portugueses.

terça-feira, 28 de junho de 2011

A miragem de "dar tudo a todos"

O Estado tem diversas funções constitucionais e a função social é, seguramente, uma das mais importantes, ao assegurar diversos tipos de prestações a mais de um milhão de beneficiários, nomeadamente o Subsídio Social de Desemprego (SSD) e o Rendimento Social de Inserção (RSI).
Estas prestações são financiadas pelos impostos pagos pelos contribuintes e são um contributo solidário da sociedade para os mais desfavorecidos, servindo para minimizar situações sociais de dificuldade e para atenuar a pobreza. Este princípio de redistribuição da riqueza baseado nos impostos e nos subsídios ou na lógica “dos que podem aos que precisam”, é hoje incontestável nas sociedades modernas.
Porém, nos últimos anos, enraizou-se em Portugal a ideia de que o Estado pode "dar tudo a todos” e, nessa lógica, a política de subsídios foi longe demais, inclusive no que respeita às prestações sociais, havendo a convicção de que muitos desses benefícios sociais resultam de situações injustas ou fraudulentas.
Todos as conhecemos, mas não as denunciamos.
A televisão mostra-as, mas as autoridades não reagem.
Nuns casos, há beneficiários do SSD que não procuram ou recusam ofertas de trabalho, porque o valor do subsídio é superior ao salário, enquanto noutros casos há beneficiários do RSI cujo património e rendimentos são omitidos e que deveriam ser tributados.
Estes dois exemplos mostram como é necessário um estudo geral destas situações e a consequente adopção de medidas que evitem a falência da segurança social e que travem a crescente subsidiodependência dos portugueses, que acabem com o parasitismo institucionalizado e evitem os possíveis casos de injustiça social.
Com vontade política e com a ajuda da informática, estas situações podem ser resolvidas com alguma brevidade. Essa intenção está anunciada. Será que vai ter solução?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um apóstolo das Índias

Ribeirinha – Ilha do Pico
Na povoação da Ribeirinha, próximo da ponta leste da ilha do Pico, está colocada uma lápide na empena de uma casa muito modesta, que contém a seguinte inscrição:
NESTA CASA NASCEU A 5 DE FEVEREIRO DE 1898
D. JOSÉ VIEIRA ALVERNAZ PATRIARCA DAS ÍNDIAS
Nascido em 1898, D. José Vieira Alvernaz teve a sua ordenação sacerdotal em 1920, dirigiu diversas paróquias nos Açores e, depois, seguiu para Itália onde frequentou estudos superiores, tendo-se doutorado em Filosofia e Direito Canónico (Roma) e em Ciências Sociais (Bérgamo).
Em Agosto de 1941 o Papa Pio XII nomeou-o Bispo de Cochim, cargo que desempenhou até 1951 quando, na sequência da independência da Índia, foi extinto o Padroado Português do Oriente. Tornou-se, por isso, o último bispo português de Cochim, uma diocese criada em 1558 e que se estendia da costa do Malabar até à Birmânia.
D. José Vieira Alvernaz foi depois designado Arcebispo de Goa e Damão e Patriarca das Índias Orientais e, por ironia do destino, também veio a ser o último português a desempenhar esses cargos. Durante os acontecimentos que em 1961 levaram à queda da Índia Portuguesa, consta que a opinião do Patriarca das Índias foi decisiva na prudente atitude que o Governador Vassalo e Silva adoptou perante a invasão indiana. Como consequência da invasão e da ocupação indiana, D. José Vieira Alvernaz viu-se compelido a deixar o território da sua jurisdição episcopal, tendo regressado a Portugal. Depois de cerca de vinte anos de permanência na Índia, instalou-se em Angra do Heroísmo, onde faleceu em 1986.
Junto à casa onde nasceu, um grupo de amigos e admiradores promoveu a colocação de um busto em bronze em sua homenagem.

sábado, 25 de junho de 2011

Vulgaridades, brejeirices & boçalidades

A RTP 1 mantém um conjunto de programas ligeiros especialmente vocacionados para atrair audiências e, esse desígnio, parece justificar-lhe todas as concessões à qualidade e isentá-la do dever de ter uma programação de interesse público.
Assim, alguns programas como o Portugal no Coração, o Portugal sem Fronteiras, a Praça da Alegria, o Preço Certo ou Quem quer ser Milionário preenchem longas horas das emissões da RTP 1. Em geral, a receita é mais ou menos a mesma, com apresentadores de duvidoso talento, uma sala cheia de gente mais ou menos excitada para aplaudir e o habitual desfile de convidados, concorrentes, cozinheiros, artesãos, autarcas anónimos, cantores desconhecidos, grupos folclóricos, etc. Cada um desses programas gerou uma enorme e desproporcionada popularidade aos seus apresentadores que, em alguns casos, assumem o estatuto e são reconhecidos como vedetas. A partir daí, o desconchavo das suas prestações televisivas tende a aumentar. Ultrapassam-se em auto-convencimento.
Eu não aprecio especialmente nenhum desses programas e, certamente, o defeito é meu! Por isso, até pensei organizar uma votação inspirada no modelo das "7 Maravilhas", que se intitularia as "7 Maravilhas da Imbecilidade Televisiva". Pensei, mas decidi não ir em frente, pois ao acompanhar mais demoradamente o Portugal no Coração, a minha escolha ficou feita. O nível de vulgaridade, brejeirice e boçalidade com que os seus apresentadores conduzem o programa e a forma como os convidados são tratados, ridicularizados e, por vezes, quase humilhados, ultrapassam os meus limites de tolerância. Certamente, eles serão pessoas inteligentes e qualificadas, mas ultrapassam o senso comum, tornam-se atrevidos, caem num foleirismo primário e, porque são bem pagos pelo erário público, ainda gozam com o pagode. Insuportável para o meu gosto.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O sono do Ministério Público

O Diário Económico noticiou que 40% da despesa do Estado relativa à comparticipação de medicamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2010 tem, potencialmente, origem fraudulenta.
Esta conclusão baseia-se numa auditoria da Inspecção-Geral de Finanças (IGF) ao sistema de prescrição e conferência de facturação de medicamentos do SNS. Numa amostra de cerca de três milhões de euros de comparticipações do SNS, verificou-se que cerca de 1,2 milhões de euros, isto é, cerca de 40% daquele valor, foi identificado como potencialmente irregular. Em 2010, a despesa do Estado com medicamentos vendidos nas farmácias chegou aos 1,6 mil milhões de euros, pelo que as irregularidades detectadas podem chegar pelo menos aos 600 milhões de euros. A IGF já tinha alertado em relatórios anteriores para a fraude no sector dos medicamentos, o motivou, aliás, participações da IGF ao Ministério Público.
O bastonário da Ordem dos Médicos já referiu que, até ao momento, não se confirma o envolvimento dos médicos nesta gigantesca fraude e, como exemplo, referiu o caso dos médicos falecidos que continuam a prescrever receitas, salientando que entre os 42 mil médicos inscritos na Ordem pode haver meia dúzia que não são honestos. Segundo o Bastonário, as receitas e as vinhetas são fáceis de falsificar, pelo que não é difícil de imaginar o aparecimento de fraudes.
Porém, o que nos admira é a dimensão desta fraude, que tem contornos muito complexos e graves, que podem favorecer entidades muito diferentes. Ao mesmo tempo, admiramo-nos pelo facto dos alertas da IGF ao Ministério Público, desde há vários anos, não tenham perturbado o seu sono e não tenham produzido quaisquer efeitos A quem interessou esse silêncio?

Uma bofetada de luva branca

Pedro Passos Coelho deslocou-se hoje a Bruxelas, pela primeira vez como primeiro-ministro, para participar no Conselho Europeu, tendo dado instruções para a mudança do seu bilhete da classe executiva para a classe económica. O primeiro-ministro viajou acompanhado pelo chefe de gabinete, pelo assessor de imprensa e por dois elementos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e, segundo números divulgados, com esta alteração o governo poupou 2265 euros.
Esta atitude de Passos Coelho é um exemplo para os inúmeros agentes do Estado que viajam e enchem as salas VIP dos aeroportos, de que é preciso ter muita contenção, sobretudo no período difícil que atravessamos. Alguns dirão que é demagogia de início de mandato e que o valor poupado é uma insignificância, mas é com estes exemplos e com estas atitudes simbólicas que se cria respeitabilidade e se consegue a adesão das pessoas para projectos que temos pela frente. Certamente que, nos próximos tempos, muitos agentes do Estado hesitarão em viajar em classe executiva, pois podem cruzar-se com o primeiro-ministro a viajar em económica. Da mesma forma, a requisição dos Falcon, que chegou a ser uma prática comum por mera vaidade pessoal, também vai seguramente reduzir-se.
Eu aplaudo esta bofetada de luva branca que Passos Coelho deu aos deputados, aos diplomatas, aos funcionários governamentais e a tanta outra gente que viaja à custa do erário público. E deixo aqui expresso que, nas últimas eleições, não votei na lista do partido de Passos Coelho, que em Lisboa era encabeçada por Fernando Nobre.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

As festas do Espírito Santo

Estou de volta ao grupo central do arquipélago dos Açores, ao deslumbramento paisagístico e à riqueza cultural das ilhas, evocando uma vez mais Raul Brandão, o autor que revelou um dos aspectos mais singulares da paisagem açoriana: “Já percebi que o que as ilhas têm de mais belo e as completa é a ilha que está em frente – o Corvo, as Flores, Faial, o Pico, o Pico, S. Jorge, S. Jorge, a Terceira e a Graciosa…”.
A invernia já lá vai e o mau tempo no canal está ausente. Os dias são muito longos e o bom tempo prevalece. A vida renova-se. A serenidade das águas é apelativa. Chegam os primeiros emigrantes. Anunciam-se festejos por toda a parte.
É o tempo das Festas do Espírito Santo, tão características da vida dos Açores e que tanto contribuíram para desenvolver o sentido de comunidade e a riqueza cultural das ilhas. O culto do Divino Espírito Santo é dominado pelo cerimonial religioso, cujo fulcro é uma pequena capela ou império, utilizada para a distribuição geral do pão e das sopas do Espírito Santo - um apreciadíssimo cozinhado com pão, carne e legumes.
As ruas enfeitam-se e enchem-se de gente. O ambiente de festa tudo domina. Há um misto de alegria e de solenidade no ar. As bandas filarmónicas e as danças populares e, em certos locais, a tourada à corda, animam a festa.
As festas do Espírito Santo são um grande acontecimento religioso, mas também um ex-libris da cultura açoriana.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O bloqueio dos tribunais

De acordo com o Correio da Manhã há em Portugal mais de um milhão de processos judiciais parados, a que correspondem cerca de 19 mil milhões de euros de dívidas por cobrar, sendo que metade dos processos dizem respeito a dívidas inferiores a três mil euros. Esta situação diz respeito ao intervalo entre 2003 até Maio deste ano e representa quase 12% do PIB, o que manifestamente é um valor muito elevado.
Aparentemente, estes números parecem mostrar que se chegou a um ponto em que “ninguém paga a ninguém”, nuns casos por dificuldades imprevistas e conjunturais, mas em muitos outros porque se difundiu a ideia de que o “crime compensa”.
Calcula-se que metade dos processos parados respeite a dívidas de consumo e em especial das compras a prestações, estimuladas pela sedução publicitária e feitas sobretudo através de cartões de crédito, que os bancos impingiam aos seus clientes em cenários de grande fartura, ou seja, esta situação resulta dos comportamentos dos consumidores, da ganância dos bancos e, finalmente, dos tribunais que não mostram capacidade para resolver rapidamente estes casos.
Aqui está um caso curioso que complica o normal funcionamento da economia. As intenções de quem governa podem ser as melhores, mas com estas atitudes dos agentes económicos - consumidores e bancos - e com o verdadeiro bloqueio dos tribunais, tudo se torna mais complicado entre nós.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Grécia como lição e como aviso

Na última década a Grécia gastou mais do que podia, tendo pedido muitos empréstimos num tempo de dinheiro barato e deixado que a sua economia tivesse ficado refém de uma avultada dívida. Os gastos públicos aumentaram descontroladamente e os salários do funcionalismo quase duplicaram. A evasão fiscal atingiu limites insuportáveis e os chamados direitos sociais da população criaram obrigações insustentáveis. A ganância dos financiadores internacionais foi cega. Os gregos deslumbraram-se. Quando chegou a crise global de crédito de 2009 e os credores despertaram, o défice orçamental grego era de 13,6% do PIB e a sua dívida era de cerca de 300 mil milhões de euros, isto é, mais do dobro do seu PIB.
Perante este quadro, surgiu um plano de ajuda externa que incluiu a participação de países da zona do euro e do FMI, que disponibilizaram um empréstimo de cerca de 110 mil milhões de euros para ultrapassar a situação. Foram impostas severas medidas de austeridade no país, mas a reacção a essas medidas traduziu-se em greves, manifestações violentas e numa enorme tensão política e social. A situação agravou-se e não foram cumpridas as metas de redução do défice previstas para 2010, tornando-se claro que com três anos de recessão e um desemprego da ordem dos 16%, a Grécia não conseguiria inverter a sua situação quase dramática. Os credores estão cépticos e os juros já passam os 30%. Como abutres esfomeados, os credores apertam o cerco. O caos financeiro e social já é uma realidade.
A hipótese da bancarrota está à vista e teme-se que a eventual queda da Grécia possa ter um efeito dominó, sobretudo na Europa do Sul. Por isso, os 17 países da Eurozona estão a debater a possibilidade de conceder um segundo pacote de ajuda à Grécia, que poderá ascender a 90 mil milhões de euros, para cobrir as necessidades de financiamento do país até 2014.
E qual é o perigo de contágio? E se a Grécia entrar em incumprimento? E qual é o futuro do euro? E nós vamos ter juízo? Não faltam especialistas e entendidos a dar palpites.
Em 1872, já lá vão 139 anos, sem que tivesse acesso às estatísticas do Eurostat, Eça de Queirós escreveu em “As Farpas”:
“…Nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de carácteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal..”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A ética da magistratura do futuro

No Centro de Estudos Judiciários (CEJ), que tem por função a formação inicial e contínua dos magistrados judiciais e do Ministério Público, segundo o Jornal de Notícias foi detectado que os actuais 137 auditores ou a maioria deles, copiaram num teste.
Confrontada com esta vergonha da Justiça portuguesa, a direcção do CEJ decidiu anular o teste em causa, atribuindo a todos os auditores de Justiça a classificação final de dez valores. Os principais agentes da Justiça lamentaram e condenaram o episódio, mas foi o Bastonário da Ordem dos Advogados que tratou adequadamente a questão. António Marinho Pinto defendeu que os formandos do CEJ que utilizaram "métodos fraudulentos" para ficarem aprovados no curso deviam ser "excluídos" da profissão. Além disso, salientou que as pessoas que "utilizam métodos fraudulentos para acederem à magistratura não serão seguramente magistrados honestos", acrescentando que “quando se começa a prevaricar nos primeiros passos da carreira, imagine-se o que eles farão quando forem magistrados, com os poderes inerentes à profissão”, notando que quando estes auditores de Justiça começam "logo com fraudes" é "de esperar e temer o pior" no futuro.
Concordo em absoluto com o que disse o Bastonário e também gostava que o processo de recrutamento de magistrados passasse a ser transparente e não uma reserva para amigos, compadres e afilhados, como consta que actualmente sucede.
Este escândalo do “copianço” está em linha com um estudo da Universidade do Minho divulgado em 2010: nas universidades, três em cada quatro alunos assumem copiar nos exames e noventa por cento destes já o faziam no liceu. Por isso, a ética da magistratura, mas também de outras funções e agentes do Estado, está realmente ameaçada. Vale tudo?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Portugueses

O jornalista britânico Barry Hatton vive em Portugal há cerca de 25 anos como correspondente da Associated Press.
Integrado na sociedade portuguesa através da profissão e do casamento com uma cidadã portuguesa, Barry Hatton foi conhecendo a nossa realidade em todas as dimensões, sobretudo histórica, sociológica e cultural.
Em Outubro de 2010 publicou em Londres “The Portuguese: a portrait of a nation” e, em Maio deste ano, surgiu a tradução portuguesa com o título “Os Portugueses: a história moderna de Portugal”.
O livro foi escrito por um estrangeiro para estrangeiros e faz um interessante retrato dos portugueses, das suas virtudes e defeitos. Hatton percorre os principais momentos históricos que marcaram a vida portuguesa, desde o período dos Descobrimentos até aos anos mais recentes, fazendo também uma análise sobre a modernidade neste “enigmático canto da Europa”. Através de um discurso fluente e muito agradável, sucede-se um sem número de pitorescas histórias e curiosidades, que nos ajudam a compreender melhor a situação actual do país e a forma como chegamos até ela.
Para terminar o seu livro e mostrar o seu apreço pelo nosso país, o autor adopta uma frase dita pelo escritor espanhol Miguel de Unamuno, após uma visita a Portugal, há cerca de cem anos:
“Quanto mais lá vou, mais quero lá voltar”.
Eu recomendo a leitura deste interessante livro, porque foi escrito por quem gosta de Portugal, mas que não abdica de lhe diagnosticar os vícios e as fraquezas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um local de históricas peregrinações

Sítio da Nazaré
Na falésia mais saliente do Sítio da Nazaré, debruçada sobre a vila da Nazaré, encontra-se a ermida ou capela da Memória, construída sobre uma gruta onde durante os três séculos de domínio muçulmano naquela região, terá permanecido escondida uma imagem de Nossa Senhora da Nazaré.
Segundo a lenda, numa manhã de 1182, o alcaide de Porto de Mós andava à caça quando, no meio de espesso nevoeiro, avistou um veado que começou a perseguir. O veado correu em direcção àquela falésia onde se precipitou, mas Dom Fuas Roupinho, ao ver que estava prestes a despenhar-se sobre o abismo, ao lado da gruta onde se venerava a imagem, pediu a protecção de Nossa Senhora da Nazaré.
Milagrosamente, o cavalo estacou e o cavaleiro salvou-se da morte certa.
Então, em agradecimento à Virgem e em memória daquele milagre, Dom Fuas Roupinho mandou erguer uma capela sobre a gruta que, com o tempo se tornou num local de veneração e devoção, sobretudo para os marítimos.
Na época dos Descobrimentos, ali estiveram em peregrinação Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, Pedro Álvares Cabral antes da viagem de descoberta do Brasil e o jesuíta São Francisco Xavier antes de partir para Goa, tendo daqui levado o culto a Nossa Senhora da Nazaré para o Oriente.
Ao lado da ermida, foi mais tarde colocado um cruzeiro com a seguinte inscrição: ANTES E DEPOIS/DA SUA PRIMEIRA/VIAGEM À ÍNDIA/
VASCO DA GAMA/VEIO REZAR À/SENHORA DA NAZARÉ.

domingo, 12 de junho de 2011

Os excessos de Bruxelas

A União Europeia não tem uma capital, no sentido habitual do termo. No entanto, uma vez que a generalidade dos seus órgãos, nomeadamente a Comissão Europeia e as respectivas direcções-gerais, assim como a maioria das agências comunitárias, estão localizadas em Bruxelas, a cidade tem um estatuto de quase capital da União Europeia.
Bruxelas é uma cidade onde se concentram mais de cem mil eurocratas, provenientes de 27 países, com bons salários, privilégios e mordomias. Só na Comissão Europeia trabalham cerca de 38 000 pessoas, mas há o Parlamento Europeu, o Comité Económico e Social, o Comité das Regiões, o Banco Europeu de Investimento, os Tribunais e os serviços de tradução necessários para as 23 línguas oficiais que têm um quadro permanente de cerca de 1750 linguistas e 600 membros de pessoal de apoio. É muita gente. Muito dinheiro. Muito almoço. Muito cocktail. Muita viagem.
São os excessos de Bruxelas. Os contribuintes europeus pagam isto tudo.
Depois, são as muitas centenas de homens e mulheres que diariamente viajam para Bruxelas em classe executiva, para reuniões, seminários e conferências ou, mais simplesmente, para se verem e serem vistos. São frequent flyers. Instalam-se em bons hotéis. Reconhecem-se à distância pelo estilo e pela vaidade. Vestem bem. Passeiam na Grand Place e nos corredores do poder. Depois regressam com mais currículo e, naturalmente, com chocolates na bagagem.
São os excessos de Bruxelas. Os contribuintes nacionais pagam isto tudo.
Recentemente, o «Daily Telegraph» divulgou um estudo a revelar alguns outros excessos de Bruxelas, como o esbanjamento de milhões em festas, férias em destinos exóticos, viagens em jactos privados e hotéis de luxo. Alguém se admira?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O regicídio de 1908

Lisboa – Praça do Comércio
No edifício situado na esquina NW da Praça do Comércio, em Lisboa, está colocada uma placa que assinala o local onde em 1908 ocorreu o regicídio, com o seguinte texto:
NESTE LOCAL, A 1 DE FEVEREIRO DE 1908,
MORRERAM PELA PÁTRIA S.M. EL-REI DOM CARLOS I E O PRÍNCIPE REAL DOM LUÍS FILIPE
Nesse dia, o Rei Dom Carlos, a Rainha Dona Amélia e o Príncipe Real tinham viajado de comboio desde Vila Viçosa e desembarcado no Barreiro, atravessando depois o rio Tejo num vapor até à Estação do Sul e Sueste, onde os esperava o Infante Dom Manuel que tinha regressado a Lisboa alguns dias antes, por causa dos seus estudos como Aspirante de Marinha.
Depois, a Família Real seguiu numa carruagem aberta e, quando esta transitava no lado ocidental do Terreiro do Paço, ouviu-se um primeiro tiro, seguido de um tiroteio mais intenso. O Rei e o Príncipe Real foram mortalmente atingidos, mas a Rainha e o Infante também foram atingidos pela fuzilaria feita sobre a carruagem por outros atiradores, a partir de diversos pontos da praça. O pânico instalou-se e o povo desatou em correria. A carruagem acelerou e virou imediatamente para a rua do Arsenal e entrou no Arsenal da Marinha, onde apenas foi possível verificar os óbitos do Rei e do herdeiro do trono.
Poucas horas depois, com 18 anos de idade, o Infante Dom Manuel, cujo nome completo era Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orleães Sabóia e Saxe-Coburgo-Gotha, foi coroado como Dom Manuel II. Foi o último Rei de Portugal.
Aquela fatídica carruagem real está exposta no Museu dos Coches em Lisboa.

Nem 8 nem 80

Porque houve mudança política ou porque o que aí vem assusta, está a verificar-se um fenómeno interessante em Portugal, muitas vezes conhecido pela passagem do 8 para o 80. De facto, em poucos dias passamos do pessimismo para o optimismo e a edição do jornal i ilustra essa realidade através do depoimento de alguns estrangeiros.
Antes, no tempo do 8 havia um generalizado pessimismo: tínhamos um país desacreditado e inviável, éramos incumpridores, desgovernados, gastadores, indisciplinados e, de tal forma incapazes de resolver os nossos problemas, que tivemos que recorrer a gente de fora.
Agora, no tempo do 80 parece haver um exagerado optimismo: passamos a ter um país fiável e promissor, com estabilidade, gente mobilizada, vontade colectiva e, ainda, muitas potencialidades – a praia, o sol, o clima, o bacalhau, o futebol, o mar, a comida...
De um preocupante beco sem saída passamos para um bonançoso mar de soluções.
É salutar e é indispensável que haja optimismo e confiança e que sejam os fazedores de opinião, sobretudo os jornais e os jornalistas, a assumirem esse papel de mobilização. Na realidade, além do i, também o Diário de Notícias e a RTP estão a descobrir “os exemplos de sucesso de Portugal” e os “motivos de orgulho nacional”.
Mas, muita atenção, porque por agora só as moscas mudaram!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Países como Nós

Durante nove semanas o semanário Expresso e a consultora PricewaterhouseCoopers realizaram um estudo comparativo entre nove países que têm população ou PIB parecidos com Portugal, que foi semanalmente publicado naquele semanário entre 12 de Março a 14 de Maio de 2011.
O projecto foi conduzido pelo Professor Freitas do Amaral e permitiu constatar que há países da nossa dimensão que estão bastante melhor do que nós (Bélgica, Finlândia e Áustria), que há outros que estão pior do que Portugal (Grécia, Irlanda e Chile) e que há alguns que em certos aspectos estão pior do que nós e noutros estão melhor (República Checa, Croácia e Nova Zelândia).
O estudo sublinha o longo caminho percorrido pelo país desde 1974, em que passou de um PIB equivalente a 50% da média da União Europeia para 75% dessa média, com melhorias no sector da saúde e da educação, entre outros, mas indica também os aspectos mais favoráveis e menos favoráveis de Portugal em relação aos países com que foi comparado. E verifica-se que, apesar de tudo o que por vezes se diz, Portugal não fica muito mal na fotografia comparada que foi feita.
Numa altura de muita descrença quanto ao futuro que nos espera e às nossas capacidades para regenerar a nossa realidade política, social e económica, aquele estudo é um sinal animador e mobilizador para a sociedade portuguesa.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Iguarias portuguesas

Depois de ter organizado diversas votações para escolha de algumas maravilhas do património histórico e natural português, a organização "7 Maravilhas®" está a promover uma votação pública para escolher as “7 maravilhas da gastronomia portuguesa”.
Esta iniciativa de promoção da gastronomia portuguesa, que faz parte do nosso património intangível e é um testemunho da nossa identidade cultural, é também um importante factor na escolha de Portugal como destino turístico.
Inicialmente foram apresentadas 433 candidaturas, o que evidencia a riqueza gastronómica portuguesa, tendo havido depois um processo de selecção que escolheu 21 finalistas e que, naturalmente, excluiu muitos outros apreciados petiscos.
As escolhas têm sempre um valor relativo e, por isso, as escolhas feitas são discutíveis, embora sejam realmente de se lhe tirar o chapéu! Por isso, também o resultado final da votação terá um valor relativo, o que significa que, mais do que a eleição de sete iguarias, esta votação é sobretudo uma justa promoção da gastronomia portuguesa, o que é relevante para contrariar a cultura do fast food.
Quando estive fora do país, muitas vezes senti saudades da comida portuguesa e, ao regressar, procurei com avidez um cozido à portuguesa, uma feijoada (com enchidos), uma caldeirada (com safio) e umas migas (com entrecosto), além do arroz doce e dos doces conventuais. Porém, nenhuma destas iguarias consta no grupo de 21 finalistas, o que significa que sou um gourmet amador ou que esta votação tem apenas um valor simbólico.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Portugal é demasiado pequeno

Durante a recente campanha eleitoral ouvi dizer que “o mundo tinha os olhos postos em Portugal”.
Não me parecia que isso pudesse suceder porque, na minha opinião, os problemas portugueses não tinham dimensão suficiente para atrair o interesse dos mass media internacionais e me pareciam ser muito ampliados pelo eixo Berlim-Paris, pelos eurocratas de Bruxelas e por algumas forças políticas nacionais. No entanto, o calor da disputa eleitoral fez com que diversos actores políticos tivessem repetido aquela ideia, certamente para atrair alguns eleitores e alguns votos emocionais.
No dia 6 de Junho fui consultar as capas de algumas dezenas dos grandes jornais internacionais europeus e americanos e verifiquei que a final do Torneio de Roland Garros e a vitória de Rafael Nadal é destacada na generalidade das primeiras páginas desses jornais, enquanto as eleições portuguesas aparecem apenas na primeira página de alguns jornais espanhóis, luxemburgueses e brasileiros, mas sempre com menor destaque do que o famoso torneio francês de ténis.
Na realidade, Portugal é demasiado pequeno!

Uma nova maioria política

As eleições legislativas ontem realizadas em Portugal deram origem a uma nova maioria política e abriram caminho à formação de um novo governo. Porém, em certa medida, o grande vencedor das eleições foi o “partido abstencionista” (41%), embora esse número esteja calculado com base nos 9,4 milhões de eleitores inscritos nos cadernos eleitorais, o que não é nada credível.
Pelas diversas declarações produzidas antes das eleições, se nenhum partido obtivesse a maioria absoluta, deveria ser encontrada uma solução governativa de maioria. Essa coligação parece estar concretizada entre o PSD e o CDS e, no quadro de dificuldades por que passamos, esta coligação é uma solução mais estável do que o anterior governo minoritário do PS. Terá uma maioria parlamentar de 57% dos deputados (PSD = 108 + CDS = 24), mas a maioria social será apenas de 50,3% (PSD = 38,6% + CDS = 11,7 %), que é muito mais escassa e instável.
Porém, os três maiores partidos assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) com a troika (UE, BCE e FMI) e, por isso, no governo ou fora dele, terá de haver convergências e sentido de responsabilidade para que o MoU seja cumprido. E nesse aspecto, um compromisso com o PS (28,1%), que se manifestou disponível para o diálogo e o entendimento, pode elevar a maioria parlamentar para 89,0% e a maioria social para 78,4%, ou seja, pode reforçar as hipóteses de sucesso da governação – travar a dívida, reduzir o défice, acelerar o crescimento económico e criar emprego.
De facto, eu creio que sem uma ampla base social de apoio que permita enfrentar a crise que aí vem e mudar as mentalidades de quem governa e de quem é governado, aquelas metas são uma quase utopia.

sábado, 4 de junho de 2011

Os maus exemplos vindos de cima

Como noutras oportunidades tenho aqui anotado, o exercício da gestão assenta essencialmente na competência profissional de quem tem essa responsabilidade, mas também na forma como são aproveitados os recursos disponíveis, definidas as estratégias, traçadas as políticas e mobilizada a organização, para que os objectivos previamente estabelecidos possam ser atingidos. Além disto, no mundo em rápida mudança em que vivemos, todos os tipos de organizações precisam de conhecer o ambiente que as rodeia e a sua previsível evolução, traçar cenários e prever evoluções, antecipar o futuro, modernizar, inovar. Isto não é novidade e está escrito em todos os livros de Microeconomia e de Gestão.
Vem este comentário a propósito da notícia do Correio da Manhã de hoje.
A CP – Caminhos de Ferro Portugueses, que presta serviços de transporte ferroviário nacional e internacional, deve ser uma empresa difícil, com muita gente, elevado passivo, grande debilidade financeira, muita rigidez organizativa e muita pressão sindical.
O seu último prejuízo anunciado foi de 195 milhões de euros e a dívida da empresa é da ordem dos 3,3 mil milhões de euros. Não deve ser nada fácil inverter o andamento destes números. Por isso, os carros de luxo atribuídos aos gestores da CP, conforme noticia o Correio da Manhã, são manifestações de vaidade e de ausência de bom senso, que não têm justificação, nem são aceitáveis. Não são bons exemplos numa empresa em crise. E não há gestão que resista aos maus exemplos vindos de cima.

Comunicações globais

Foi no ano de 2000 que a Vodafone - uma operadora multinacional de comunicações móveis com sede no Reino Unido e que actualmente desenvolve negócios em mais de três dezenas de países - se instalou em Portugal, através da aquisição da operadora Telecel e da sua rede móvel.
A existência de outros operadores e a natureza fortemente concorrencial das suas actividades – Telefone, Internet e Televisão – determinaram que, desde logo, a marca tivesse uma regular presença no mercado publicitário.
Nos seus primeiros anos de actividade em Portugal, a marca utilizou o slogan "How are you?", que então era utilizado a nível mundial, no sentido de adquirir notoriedade a nível global. Mais tarde, alterou o seu registo de comunicação, substituindo aquela frase pela expressão “Viva o Momento”, que era um convite aos clientes para que tirassem o melhor partido de um dos maiores bens da vida contemporânea – o tempo.
Com o actual registo de comunicação “Power to You”, a Vodafone salienta aos seus clientes que eles têm nas mãos o poder da comunicação e da informação e, para além do telefone e da televisão, podem contar com a marca para os ajudar a aproveitá-lo ao máximo através da sua rede de internet móvel.
O slogan “Internet sempre contigo” insinua claramente que, com a rede móvel da Vodafone, o acesso à comunicação global é permanente. Dessa forma, nós podemos cantar fado em Lisboa e levar às lágrimas Calcutá...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um Portugal anti-depressivo

O Negócios assinalou o seu 8º aniversário, como jornal diário, com uma edição especial de 92 páginas.
As edições especiais são a forma mais comum que a imprensa utiliza para celebrar os seus aniversários e nelas “oferecem” aos seus leitores, mais páginas, mais reportagens, mais artigos e mais suplementos.
Os anunciantes são sensíveis a essas efemérides e, naturalmente, essas edições têm publicidade acrescida, pelo que um aniversário é uma oportunidade para uma receita adicional. Porém, as edições especiais nem sempre significam melhores conteúdos, mais interesse jornalístico ou mais qualidade editorial, porque a lógica publicitária e comercial se sobrepõe a todos os outros critérios e, muitas vezes, essas edições não escapam à rotina e à banalidade.
A edição especial do Negócios desenvolveu uma ideia simples e inovadora, pegando no Portugal positivo, em contra-ciclo com o que têm sido os discursos negativos da campanha eleitoral em curso e dos profetas da desgraça. O jornal perguntou a 73 pessoas dos 8 aos 80 anos, porque se orgulhavam de ser portugueses. Salientou o que de positivo tem sido feito pelos portugueses, as empresas de excelência, os indicadores económico-sociais que melhoraram nos últimos 8 anos e os prémios internacionais que distinguiram alguns portugueses. E, realmente, ofereceu o jornal aos seus leitores para ler e reler.
Na linha do “Portugal vale a pena” de Nicolau Santos, esta edição do Negócios sobre o “Portugal anti-depressivo” é um acontecimento regenerador.
Pedro Santos Guerreiro, o seu excelente Director, está de parabéns.