A RTP 1 mantém um conjunto de programas ligeiros especialmente vocacionados para atrair audiências e, esse desígnio, parece justificar-lhe todas as concessões à qualidade e isentá-la do dever de ter uma programação de interesse público.
Assim, alguns programas como o Portugal no Coração, o Portugal sem Fronteiras, a Praça da Alegria, o Preço Certo ou Quem quer ser Milionário preenchem longas horas das emissões da RTP 1. Em geral, a receita é mais ou menos a mesma, com apresentadores de duvidoso talento, uma sala cheia de gente mais ou menos excitada para aplaudir e o habitual desfile de convidados, concorrentes, cozinheiros, artesãos, autarcas anónimos, cantores desconhecidos, grupos folclóricos, etc. Cada um desses programas gerou uma enorme e desproporcionada popularidade aos seus apresentadores que, em alguns casos, assumem o estatuto e são reconhecidos como vedetas. A partir daí, o desconchavo das suas prestações televisivas tende a aumentar. Ultrapassam-se em auto-convencimento.
Eu não aprecio especialmente nenhum desses programas e, certamente, o defeito é meu! Por isso, até pensei organizar uma votação inspirada no modelo das "7 Maravilhas", que se intitularia as "7 Maravilhas da Imbecilidade Televisiva". Pensei, mas decidi não ir em frente, pois ao acompanhar mais demoradamente o Portugal no Coração, a minha escolha ficou feita. O nível de vulgaridade, brejeirice e boçalidade com que os seus apresentadores conduzem o programa e a forma como os convidados são tratados, ridicularizados e, por vezes, quase humilhados, ultrapassam os meus limites de tolerância. Certamente, eles serão pessoas inteligentes e qualificadas, mas ultrapassam o senso comum, tornam-se atrevidos, caem num foleirismo primário e, porque são bem pagos pelo erário público, ainda gozam com o pagode. Insuportável para o meu gosto.
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