A língua
portuguesa é uma das línguas mais faladas no mundo e não é muito importante
saber qual a sua posição no ranking of
the most spoken languages of the world. Este ranking é divulgado anualmente pelo Ethnologue, um centro
científico de estudos linguísticos integrado na organização não-governamental
SIL Internacional, fundada em 1934 e com sede em Dallas.
Sempre confiei no
Ethnologue. Porém, entre as edições de 2019 e 2020, o Ethnologue parece ter
sido infectado e, para mim, a sua credibilidade está sob suspeita. Então não é
que, segundo o Ethnologue, em apenas um ano, o espanhol passou da segunda para a
quarta posição e o português passou da sexta para a nona posição, enquanto o
inglês passou da terceira para a primeira posição e o francês deu um monumental
salto da décima-quinta para a quinta posição do ranking. Mesmo que tenha havido mudanças de critério no apuramento
do número de falantes de cada língua, as enormes e tão rápidas alterações no ranking of the most spoken languages of the
world descridibilizam o Ethnologue.
Tudo isto vem a
propósito da edição de ontem do jornal angolano folha 8, cuja manchete de
carácter político recorreu com grande criatividade a uma expressiva palavra
que, embora existindo no vocabulário português, não é usada habitualmente.
Diz-se que está a ficar mais pequeno, que está a encolher, que se está a
reduzir, que está a diminuir ou que está a ficar menor, mas não é costume
dizer-se que qualquer coisa esteja a apequenar-se.
Este é, portanto,
um bom exemplo da riqueza de uma língua que se valoriza continuamente, quer
pela criatividade popular ou de autores como Mia Couto ou José Eduardo
Agualusa, mas também pela renovada utilização de palavras em vias de extinção,
como parecia ser o apequenar-se.