O navio-escola Juan Sebastián de Elcano largou ontem de La Carraca, a base e
estaleiro da Marinha Espanhola que se localiza em San Fernando, nos arredores
de Cádiz, para iniciar o seu 93º cruzeiro de instrução de cadetes, que servirá
também para comemorar o 5º Centenário da primeira volta ao mundo iniciada por
Magalhães e concluída por Elcano.
Será uma viagem de cerca de onze meses, em
que “a embaixada flutuante” dos espanhóis navegará por todos os oceanos e
procurará reconstituir a viagem realizada entre 1519 e 1522 e em que se espera
que visite, entre outros lugares, o porto de Montevideu, a baía de San Julián
(Argentina), a cidade de Punta Arenas (Chile), o estreito de Magalhães, as
ilhas Guam, as ilhas Filipinas, as ilhas Molucas e a Indonésia.
A bordo seguem 172 tripulantes e a largada
do navio foi motivo de reportagem para os jornais gaditanos que publicaram
fotografias da partida, embora considerassem que se tratava de “el viaje más
incierto” ou “su viaje más atípico”, uma vez que há uma grande incerteza
relativamente à evolução da pandemia do covid-19,
não só a bordo do navio, mas também nos portos que espera escalar para se
reabastecer ou para participar em actos comemorativos se, entretanto, os
movimentos anti-coloniais não enveredarem por manifestações anti-espanholas nos
pontos de passagem. Além disso, é natural que os tripulantes do Elcano não possam sair do navio e que
não sejam permitidas visitas a bordo, o que parece tornar esta viagem um caso
de extrema teimosia para celebrar aquilo que alguns sectores espanhóis não se
cansam de reclamar, isto é, “a plena y exclusiva hispañolidad” da primeira
volta ao mundo.
Bem avisadas estiveram as autoridades
portuguesas e as chefias da Marinha quando em Março deste ano cancelaram a
viagem de volta ao mundo que o navio-escola Sagres
tinha iniciado, porque a situação pandémica a isso obrigou.
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