Mário Soares deu uma entrevista ao
jornal i que foi publicada ontem, na qual faz algumas declarações polémicas, designadamente quando afirma que
“o PS tem de romper com a troika”. Neste momento, se tal se verificasse, seria uma verdadeira bomba atómica que iria agravar ou mesmo inviabilizar a estratégia de credibilização das nossas finanças públicas, que tem sido seguida pelo governo e que tanto tem agradado aos chamados
mercados. Porém, quando a sabedoria e a experiência de Mário Soares faz esta controversa declaração, torna-se porta-voz de uma maioria sociológica que rejeita as imposições externas, a arrogância governativa e a austeridade cega, bem como a feroz perseguição que está a ser feita aos trabalhadores, aos pensionistas, aos desempregados e ao pequeno comércio, ao mesmo tempo que se protegem os mais poderosos. A entrevista de Mário Soares foi uma pedrada no charco! A tese governamental de ausência de alternativa à sua política foi posta em causa por quem sabe e tem a lucidez de ver para além da propaganda e do seguidismo dos
boys, dos
mini-boys e até dos
old boys. Foi um aviso muito sério, até porque os resultados da governação estão a empobrecer a sociedade e a afundar o país, como todos observamos a cada esquina. Menos controversa é a declaração de que
“a austeridade deveria começar no governo e não nas pessoas e, sobretudo, não nos pobres e nos desempregados”. Outra declaração que também não é controversa é a de que
“nós não podemos acabar com o Estado social. Se acabamos com o Estado social e passamos para um Estado liberal, o desenvolvimento da Europa desaparece”.
Embora a entrevista de Mário Soares tenha aspectos muito controversos e discutíveis, ela foi de facto um aviso à navegação e uma pedrada no charco.
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