quarta-feira, 14 de junho de 2017

R.I.P. Alípio de Freitas

Estava anunciada para o dia 17 de Junho uma Homenagem Nacional a Alípio de Freitas, mas o destino antecipou-se e, quatro dias antes desse evento, o homenageado morreu em Lisboa aos 88 anos de idade.
Alípio de Freitas teve uma vida de revolucionário em defesa dos mais pobres que só veio a ser conhecida pela voz de José Afonso, que lhe dedicou uma canção e o classificou como "homem de grande firmeza".
Nascido em Vinhais em 1929, foi ordenado padre em 1952 e, de imediato, foi viver junto dos pobres em Guadramil e Rio de Onor na serra de Montesinho. Cinco anos depois aceitou um convite de um arcebispo brasileiro e instalou-se nos subúrbios pobres de São Luís do Maranhão. Nos anos 60 rompeu com a hierarquia da Igreja, deu apoio aos movimentos de camponeses e tornou-se um resistente contra a ditadura militar brasileira. Para poder desenvolver essa luta naturalizou-se brasileiro e foi viver nas favelas do Rio de Janeiro, mas em 1970 foi preso e torturado quando era dirigente do Partido Revolucionário dos Trabalhadores. Foi então que José Afonso o deu a conhecer aos portugueses quando, no seu álbum Com as Minhas Tamanquinhas que editou em 1976, lhe dedicou uma canção-homenagem.
Em 1981 Alípio de Freitas deixou o Brasil e seguiu para Moçambique onde permaneceu alguns anos envolvido em projectos de apoio aos camponeses, regressando depois a Portugal. Teve uma vida cheia e foi padre, professor, jornalista, promotor e dirigente de diversos movimentos sociais e associações cívicas de defesa dos desprotegidos. Homens destes são raros.
Aqui lhe fica a minha homenagem pela voz de José Afonso.
https://www.youtube.com/watch?v=IXNLoTKo4Hw

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